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Empresário ameaçado se vê obrigado a mudar de cidade

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A partir de agora, Rui disse que vai ter de recomeçar a vida e que não pretende mais voltar para MT

Ao deixar a cidade e o estado, o empresário fechou a loja com placas metálicas e a colocou à venda - Foto: Roberto Nunes/A TRIBUNA
Ao deixar a cidade e o estado, o empresário fechou a loja com placas metálicas e a colocou à venda – Foto: Roberto Nunes/A TRIBUNA

Encurralado diante do medo das ameaças de morte que vinha recebendo e sem ter como contar com a justiça, o empresário Rui de Freitas Lima e sua família acabaram tendo que deixar Rondonópolis e mudar para outro estado do País. O Jornal A TRIBUNA mostrou, no último mês de março, o drama que o empresário vinha vivendo desde que um funcionário dele se envolveu em um incidente com um rapaz acusado de furto.
Rui era proprietário da Bicicletaria Rainha das Bicicletas, no Jardim São Sebastião II. O registro policial é que o funcionário envolvido no caso teve a bicicleta pessoal furtada e passou a ser ameaçado após ter registrado queixa do fato na polícia. O acusado pelo furto, que é menor de idade, foi apreendido e logo liberado. No dia 20 de março deste ano, o funcionário, alegando legítima defesa, pois diz que o acusado pelo furto apareceu próximo à loja o ameaçando, desferiu um disparo de arma de fogo contra o menor, que acabou não resistindo e morreu.
O empresário atesta que não tem nada a ver com a morte do rapaz, mas que, mesmo assim, se tornou alvo dos comparsas do menor sob a alegação de que teria colaborado para isso. Ele assegura que não tem envolvimento nenhum com o ato do funcionário, sendo que, na sequência, logo o demitiu pois não compactua com violência e crime. Apesar de atestar não ter ligação nenhuma com o incidente e de todos os esclarecimentos, as ameaças de morte contra o empresário se intensificaram nos bairros do entorno da loja – apontados como perigosos.
“Podem até ser mentiras [essas ameaças], mas eu não vou pagar para ver!”, afirmou Rui ontem, por telefone, ao Jornal A TRIBUNA. Ao deixar a cidade e o estado, o empresário explica que fechou a loja e a colocou à venda. A esposa dele também teve que deixar a empresa que trabalhava há muitos anos em Rondonópolis. Com o fechamento da empresa, conta que teve de demitir seis funcionários. Apesar dos prejuízos, conta que não era possível viver sob a tensão diária de medo e correndo risco de morte. “Tenho uma família e tenho que preservá-la”, justifica.
Rui avaliou ao Jornal A TRIBUNA que se sente indignado com a situação vivida atualmente no Brasil. “Se você quer uma escola melhor, você tem que pagar uma escola particular. Se você quer ter acesso à saúde, você tem que pagar plano de saúde. Se você quer andar em estradas boas, você tem que pagar pedágios. Você quer segurança e não pode ter. Então para que a gente paga impostos hoje?”, questionou o empresário, avaliando que a realidade vivida pelo Brasil não tem solução e só tende a piorar.
A partir de agora, Rui disse que vai ter de recomeçar a vida e que não pretende mais voltar para Mato Grosso, onde mora maioria dos seus familiares. Ele entende que as leis no País precisam ser revistas, pois favorecem a impunidade. “A bandidagem não tem medo da polícia”, diz. Inclusive, pondera que outra família de Rondonópolis que teve uma motocicleta roubada recentemente também vive um drama semelhante ao dele, após um dos criminosos ter sido linchado por moradores e o outro acusado de participação no roubo ter sido liberado na sequência. “Rondonópolis é muito violenta para o tamanho da cidade”, observa.
REPERCUSSÃO
Após o incidente, Rui recebeu o apoio de muitos empresários e moradores de Rondonópolis, que saíram em sua defesa e testemunham sua idoneidade ao longo da sua vida no município. O empresário Ailton Ferreira da Silva, da Panificadora Buriti, lamentou ontem ao Jornal A TRIBUNA a situação vivida por Rui Lima. “É muito triste e preocupante para nós empresários ficarmos a mercê dos bandidos, que não geram nenhuma riqueza para a cidade. Rondonópolis é uma das cidades mais violentas do Estado. Sou prova disso. Minha empresa já foi assaltada, à mão armada, mais de 40 vezes”, relatou para a reportagem.
Ailton garante que Rui foi injustiçado nesse caso envolvendo o funcionário, pois foi algo além da sua vontade e sem participação nenhuma dele. O panificador acredita que o problema da criminalidade e da violência crescente no País está nas leis atuais. “Precisamos fazer um trabalho junto aos nossos deputados federais e senadores para mudar nossas leis. Caso contrário, não adianta nada”, avaliou ele, dizendo que a polícia prende e é obrigada a soltar, em grande parte dos casos, no mesmo dia. “Não tenho críticas em relação ao trabalho das polícias. Estamos a mercê dos bandidos. Os juízes podiam ter um pouco mais de rigor…”, entende.
O diretor administrativo da Rádio 105 FM, Marco Antônio Chagas Ribeiro, conhece Rui Lima há bastante tempo e também lamenta o fato vivido pelo colega e cliente. “Acredito que ele está sendo vítima da bandidagem”, externou o diretor, apontando que o empresário não teve participação nenhuma na morte do menor, nem na recuperação da bicicleta do funcionário. “Simplesmente surgiu uma conversa que ele [Rui] teve participação no caso, mas não é verdade”, garante o diretor, informando que o empresário é uma pessoa muito ética e que ajuda muito as pessoas. “É uma pessoa de um coração enorme”, garante ele, avaliando que Rondonópolis perde muito com a saída do empresário.
Marco Antônio entende que Rui tomou a decisão de colocar a sua família em primeiro lugar, mas que não deixa de ser uma situação lamentável. “Gera uma tristeza na gente esse caso porque isso pode ocorrer com qualquer um, haja vista o jeito que está o nosso País”, analisou. Para o diretor da emissora, a mudança desse quadro que o País passa vai muito além da mera prisão dos bandidos. “Só cadeia não adianta! Falta educação! Tem que ter um trabalho em ressocialização, com escolas, lazer, esporte, saúde melhor…”, acredita.

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  1. Que situação complicada… mas verá que o tempo vai mostrar o melhor caminho e DEUS vai continuar lhe guiando. Sei da pessoa séria que é o Rui e inclusive fazia trabalhos voluntários em creches, o complicado é sofrer ameaças sem o mesmo ter praticado nada…

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