Greve prejudica venda e abate de animais em MT

Iniciada na segunda-feira passada (6/6), a greve dos servidores do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea MT) já causa prejuízos milionários para a cadeia produtiva da carne no Estado. Sem a emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA) pelo Indea, produtores não podem fazer o transporte de animais, prejudicando a venda, e os frigoríficos ficam com os abates comprometidos. O maior frigorífico em operação em Rondonópolis, o Agra, já sente os prejuízos do movimento.
O gerente administrativo do Agra, Germano Bohrer, explicou ao Jornal A TRIBUNA que a unidade interrompeu os abates nesta quinta-feira (9/6), sábado (11/6) e, para esta semana, só tem confirmação de abates, por enquanto, nesta terça-feira (14/6). Ele explica que está conseguindo estabelecer alguns dias com abate considerando que alguns produtores estão conseguindo emitir a GTA de forma eletrônica, mas pondera que o procedimento é feito apenas por aqueles que já estavam cadastrados.
No frigorífico local, cada dia sem produção deixa de abater em torno de 680 bovinos e deixa ociosos quase 800 funcionários. “Estamos pagando para os funcionários ficarem parados”, externou o gerente, observando que outros frigoríficos no Estado passam pela mesma situação. Diante dos efeitos negativos ao setor, Germano defende que a greve no órgão chegue ao fim o quanto antes. “Estamos preocupados com a greve do Indea”, externou o gerente.

Em números, o presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo), Luiz Antônio Freitas Martins, calculou para o Jornal A TRIBUNA que, em cada dia de greve no Indea, a estimativa aproximada é que haja um prejuízo entre R$ 27 milhões e R$ 28 milhões no Estado, considerando um abate diário de 22 mil cabeças em condições normais. Atualmente, com a emissão da GTA eletrônica, afirma que o abate está reduzido pela metade ou menos da metade.
Luiz Martins aponta que a situação do frigorífico Agra se repete em outras unidades do setor no Estado. Além disso, o presidente do Sindifrigo informa que a greve paralisa em 100% a comercialização de gado de produtores para produtores, procedimento que não tem como expedir a GTA eletrônica. Assim, atesta que também estão prejudicados produtores e os leilões, com a comercialização de gado magro. “Essa greve gera um efeito cascata, é muito delicada a situação no momento”, avaliou.
Conforme o presidente do Sindifrigo, o setor espera por um entendimento entre as partes o quanto antes, pois não considera justo que toda uma cadeia produtiva seja penalizada em função do impasse. “O prejuízo é de toda a cadeia: o produtor deixa de comercializar, a indústria que tem um alto custo operacional perde, e o governo deixa de arrecadar”, contextualiza.
Os servidores do Indea em greve reivindicam do Governo do Estado a concessão da Revisão Geral Anual (RGA), na ordem de 11,27%, que repõe as perdas inflacionárias.