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, 16 junho 2024
 
 

Um em cada 5 caminhoneiros da BR-163 admite uso de drogas

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Entidades querem a imediata aplicação da Lei  que regulamentou a profissão de motorista no País e garante o descanso noturno e semanal para os profissionais do volante

O uso de drogas ilícitas e estimulantes, popularmente chamados de ‘rebites’, ainda é comum entre os motoristas profissionais que trafegam pela BR-163, em Mato Grosso. É o que aponta um levantamento feito pela Concessionária Rota do Oeste nos meses de setembro e dezembro do ano passado. Um em cada cinco caminhoneiros ouvidos pelos pesquisadores declarou que faz ou já fez uso de entorpecentes.
Foram ouvidos 1.209 profissionais nas duas edições do programa que responderam a um questionário elaborado pela empresa. Destes, cerca de 20% (222) afirmaram que já consumiram algum tipo de droga ilícita ou medicamentos sem prescrição médica. As informações coletadas foram transformadas em um estudo dos principais pontos de atenção referentes à saúde e ao comportamento do trabalhador da estrada.
De acordo com o relatório, o consumo de álcool e tabaco, as drogas legalizadas, também é alto entre os caminhoneiros: 26% (293) afirmaram que bebem e 22% (234) são fumantes, 10 pontos a mais que a média nacional de acordo com estudo do Ministério da Saúde, de 2013, que foi de 11,3%. Estes números influenciam diretamente outros indicadores pesquisados pela Concessionária: 27% dos caminhoneiros apresentaram sonolência diurna e 30% deles relataram que já se envolveram em acidentes nas rodovias.
O resultado obtido por este levantamento reafirma a constatação de uma pesquisa feita pelo Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso em 2007, com a colaboração da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os dados revelaram que 30% dos caminhoneiros que circulavam pelo Estado na época consumiam algum tipo de estimulante. O trabalho resultou em uma Ação Civil Pública para restringir o horário de circulação de caminhões nas rodovias federais com o objetivo de diminuir o fluxo destes veículos no período noturno. Hoje, por meio da lei federal 12.619, em vigor desde 2012, os motoristas profissionais só podem trabalhar em jornada diária de oito horas, com intervalo de pelo menos uma hora para almoço e pausa de no mínimo 30 minutos para descanso a cada quatro horas.
Caminhoneiro há quase 10 anos, A. H. F. admite que já consumiu “rebites” para agilizar a entrega de mercadoria. “Tomava Nobezio uma vez por semana. Trabalhava com carregamento de carne e, como é produto perecível, a pressão para que a entrega fosse rápida era muito grande”, comentou. Ele relata que, com a substância, conseguia ficar quase um dia inteiro acordado, mas os efeitos colaterais eram devastadores. “No início da outra noite o cansaço era impossível de controlar. Tinha muita ardência e vermelhidão nos olhos. Por sorte não me envolvi em nenhum acidente”, disse.
O Nobezio, ao lado do Desobezi, é o estimulante mais recorrente informado pelos caminhoneiros ouvidos pela Concessionária. Utilizado também como inibidor de apetite, o nome fantasia do medicamento é Nobezio Forte, composto essencialmente por um tipo de anfetamina com o princípio ativo Femproporex, que pode causar dependência. Para a especialista em psiquiatria, Maria Helena Bragança, os danos do medicamento vão além do cansaço extremo. “O aumento da frequência cardíaca e ansiedade são pontos de alerta. Em relação à dependência, a retirada repentina da substância aumenta os riscos de uma parada cardíaca, além de depressão profunda, podendo levar ao suicídio. Quadros de psicose, com pensamentos destrutivos e de perseguição, também são recorrentes”, comentou.
O superintendente da Polícia Rodoviária Federal em Mato Grosso, Arthur Nogueira, deixa um alerta aos caminhoneiros sobre os perigos do uso de entorpecentes. “O pensamento de que o motorista nunca será pego pela fiscalização é um erro. A PRF tomará as providências cabíveis em caso de flagrante. Deve-se pensar que quem trafega pelas rodovias é responsável não apenas pela sua segurança, mas também a do próximo.”

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