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Rondonópolis
, 17 maio 2024
 
 

Até quando a 364 destruirá famílias?

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–> LIBERADO –> Enquanto a duplicação da BR-364 entre Rondonópolis e Rosário Oeste, passando por Cuiabá, não sai do papel, a rodovia, sem condições seguras de trafegabilidade, continua ceifando vidas e deixando famílias despedaçadas. Na manhã de ontem, a advogada Tatiane Ferreira Leite, 31 anos, e o estudante João Vitor Rezende Figueiredo, 14 anos, morreram em um acidente automobilístico no quilômetro 228 da BR-364, 10 quilômetros após a região conhecida como ‘Farinha de Osso’. O acidente ocorreu por volta das 8h45. Conforme a família, os dois estavam no banco de trás do veículo. Além dos dois mortos, mais duas pessoas tiveram ferimentos. A cabeleireira Kelly Lilian Rezende, 32 anos [mãe de João Vitor] e Nádia Ferreira Leite, 27 anos [irmã de Tatiane Ferreira].
De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a tragédia ocorreu após uma colisão com um caminhão seguida de saída de pista, onde o veículo Honda Civic, conduzido por Kelly Rezende, saiu da via, e colidiu em uma árvore. O caminhão era conduzido pelo motorista Jânio Soares Santos Dionízio, 38 anos, que saiu ileso.
Conforme o marido de Kelly Rezende, João Valdir Lopes, o Honda Civic seguia sentido Rondonópolis a Cuiabá, onde teria tentado uma ultrapassagem quando o caminhão, que também fazia o mesmo sentido e também foi tentar a ultrapassagem, bateu na parte de trás do automóvel de passeio. Com isso, a condutora perdeu o controle da direção saindo da pista e colidindo a lateral do veículo em uma árvore. “Ela [Kelly] estava levando meu enteado João Vitor para passar férias com o pai em Cuiabá e as duas amigas estavam de carona”, disse João Lopes.
Segundo Benedita Cardoso Pereira de Marco, tia de Nádia e Tatiane, a família das sobrinhas reside em Rondonópolis. Porém, Nádia Ferreira mora atualmente em Cuiabá, onde cursa Engenharia Elétrica. Já Tatiane Ferreira, que morreu no acidente, era advogada e atualmente trabalhava em Brasília (DF). “Tatiane estava de férias e iria retornar para Brasília nesta quarta-feira (18). Ela resolveu acompanhar a irmã Nádia que iria a Cuiabá para resolver alguns problemas e acabou acontecendo essa coisa terrível”, contou a tia.
Ela disse à reportagem ter conhecimento das campanhas em prol da duplicação da BR-364, uma necessidade extrema para dar mais segurança às pessoas que trafegam pela rodovia. “O que falta para a duplicação da BR-364 é vontade política”, resume Benedita Marco.
“A BR-364 está uma verdadeira bagunça que já começa na saída da cidade com as obras inacabadas do trecho da travessia urbana. O que falta para duplicação da BR-364 é mais vontade política, pois o que assistimos é uma brincadeira com o dinheiro público”, completa João Lopes.
A cabeleireira Kelly Lilian Rezende possui seu estabelecimento localizado na Avenida Amazonas, logo após a Rua Floriano Peixoto, no Centro. João Vitor era filho único de Kelly.
Conforme a assessoria de imprensa do Hospital Regional de Rondonópolis, Kelly Rezende teve lesões leves e foi liberada ontem mesmo da unidade hospitalar. Já Nádia Ferreira estava sob observação e seria liberada quando completasse 24 horas da entrada no hospital em razão de uma pancada na cabeça.
O corpos de Tatiane Ferreira e João Vitor foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) e liberados para o velório no final da tarde de ontem. Eles estão sendo velados na capela do Cemitério da Vila Aurora. Até o fechamento desta edição, as famílias ainda não haviam definido o horário do sepultamento.
NA SEXTA PASSADA
Mais duas vidas foram ceifadas e pelo menos oito pessoas ficaram feridas após uma colisão entre uma carreta e um ônibus da empresa Eucatur. O acidente ocorreu na sexta-feira (13), por volta das 12h20 no km 287 da BR-364, na região conhecida como Vale da Perdida, logo após o município de Jaciara.
Segundo a PRF, o caminhão que trafegava sentido Cuiabá a Rondonópolis tentou uma ultrapassagem e colidiu frontalmente com o ônibus que seguia no sentido contrário. No impacto, duas pessoas que estavam nos primeiros acentos do ônibus foram arremessadas e morreram no local do acidente. Elas foram identificadas como Marlo Mendes dos Santos, 24 anos e Larise de Souza Machado, 30 anos.

Situação da BR-364 virou estopim para indignação

Qualquer usuário pode ser a próxima vítima da BR-364 no trecho entre Rondonópolis e Cuiabá. Os alvos mais suscetíveis são os usuários que dependem do transporte rodoviário e que se locomovem em carros de passeio, vans e ônibus. Mais uma vez, representantes de diferentes segmentos da sociedade rondonopolitana expõem  sua revolta quanto à demora para duplicação dessa rodovia no trecho Rondonópolis e Cuiabá. Confira:

Eliane do Rócio Queiroga, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Rondonópolis (CDL)

“É complicado. A gente só vê vidas sendo ceifadas nessa rodovia. A duplicação cada vez mais se complica. Vamos ver se a licitação sai agora. Só no final de semana foram quatro mortes nesta rodovia na região. A sociedade tem que se mobilizar a cada dia, estar cobrando, nunca parar… Parabenizo a diretoria do Jornal A TRIBUNA pelo “Placar da Duplicação”, que foi um grande passo, pois deu uma mexida nas autoridades. Temos que fazer ações que venham mexer com as autoridades… Se hoje essa rodovia fosse duplicada, não teríamos perdido mais duas vidas. O pior é que hoje [ontem] é o Dia do Comerciante e tivemos uma comerciante da nossa cidade como vítima. A gente, como comerciante, fica indignado”.

Miguel Weber, presidente do Sindicato Rural de Rondonópolis.

“A vocação de Mato Grosso é essencialmente agrícola, mas as autoridades não dão a atenção que o Estado merece na questão de logística. Somos eficientes da porteira para dentro da propriedade e, no escoamento, temos dificuldades seja na rodovia BR-364, seja no descarregamento no terminal da América Latina Logística (ALL). Quanto à rodovia, vejo até com uma certa tristeza, pois o poder público não tem compromisso em dar condições de trafegabilidade. Contudo, o que fala mais alto do que a produção e o escoamento é o respeito à vida do ser humano. Devido às condições do trecho entre Rondonópolis e Cuiabá, quando dependo de avião, prefiro ir até Campo Grande. Depois do Rio Corrente, parece que estamos em outro país.”

Dom Juventino Kestering, bispo da Diocese Católica de Rondonópolis

“Eu vejo, em primeiro lugar, um certo descaso por parte do governo em relação a Mato Grosso, diante do volume da produção agrícola e da precariedade das nossas estradas. Em segundo lugar, é uma via de muito tráfego onde todo dia a gente ouve falar de vidas feridas e ceifadas. A nossa posição deve ser de sensibilizar o governo para tomar decisão. O governo não pode protelar mais… A BR-364 é uma estrada de lucro, mas acima do lucro coloco as vidas. Cada vida ceifada não retorna mais. A gente tem ser uma força viva para cobrar as promessas e para que se efetive a duplicação dessa rodovia.”

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