O nascimento do primeiro filho é um momento de comemoração para a família, mas, também, de muitas dúvidas e apreensão, principalmente para a mulher, que está vivendo uma nova fase na sua vida. Como acomodar o filho na hora de dormir, se é preciso acrescentar um complemento a alimentação do bebê, o que comer enquanto se esta amamentando, são alguns questionamentos que atormentam as mães de primeira viagem.
Quando o bebê nasce, por exemplo, é comum aparecer manchas avermelhadas na pele, principalmente no rosto, nessa hora surge à primeira preocupação da mãe. O pediatra e neonatologista do Instituto Saúde Plena e do Albert Einstein, Jorge Huberman, explica porque isso acontece. “As descamações são normais nas primeiras semanas de vida devido o período que a criança permanece envolta no líquido amniótico. Contudo, só é preciso tomar cuidado com a vestimenta do bebê e a higiene dele, por isso vista com roupas de algodão e higienize o rosto dele com algodão úmido”, diz.
Já na hora de colocar a criança para dormir o modo ideal é de barriga para cima. “Caso ele engasgue, o reflexo imediato é a tose que logo chamará a atenção dos pais. Já de bruços se tiver alguma complicação não poderá ser ouvido. A única ressalva é se ele tiver refluxo gastroesofágico, aí deve dormir lateralmente e o berço ser inclinado entre 15 e 30°”, explica o pediatra.
Quanto a alimentação da mãe e do bebê, Jorge lembra que o cuidado deve vir das duas partes. “Para o bebê o alimento materno é o suficiente até os seis meses de vida da criança não sendo necessário dar água ou chá, depois desse período a introdução de complementos alimentares pode ser feita. Já a mulher deve fazer uma alimentação saudável e bem equilibrada, pois o que se está ingerindo pode passar ao leite materno”, esclarece.
O leite materno, acrescenta a médica Marisa da Matta Aprile, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), auxilia no processo de desenvolvimento psíquico e intelectual da criança, sobretudo em bebês prematuros. “Há estudos que mostram que o Q.I. de bebês prematuros adequadamente amamentados pode ser superior em até dez pontos ao daqueles prematuros que não receberam o leite materno”.
De acordo com a médica, outro benefício está na prevenção da obesidade e de outros fatores de riscos para as doenças cardiovasculares, vasculares periféricas e diabetes. “Temos muitos trabalhos científicos mostrando que o aleitamento diminui a incidência da obesidade, diabetes e hipertensão arterial. A amamentação diminui a incidência de obesidade porque a criança aprende a controlar a saciedade desde os primeiros dias de vida, pois o leite materno inicial tem baixo valor calórico e apenas no fim da mamada vem o leite com alto valor calórico, que contém gordura. Isso vai acostumando o organismo da criança a saber exatamente o momento de parar de mamar, e essa consciência ela leva para toda vida, entendendo a hora de parar de comer. Outro fator importante para prevenção de obesidade é o nível mais baixo de proteína no leite humano quando comparado com o leite de vaca”.
Benefícios do aleitamento para o bebê
Composto de 50% de teor calórico, ácidos graxos poli-insaturados, vitamina A, E, C, e uma série de eletrólitos, como o sódio, o leite materno é responsável pela transferência de anticorpos para o bebê. Segundo a médica Marisa da Matta Aprile, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), os benefícios do aleitamento materno para o recém-nascido são reconhecidos mundialmente desde o século passado. “A amamentação promove maior proteção contra infecções do aparelho digestivo e respiratório, prevenindo diarreias e diminuindo a gravidade da bronquiolite e de pneumonias. Além disso, o leite age na prevenção da leucemia, tanto a linfoide quanto a mielóide, e da doença celíaca (intolerância ao glúten), sendo que quanto maior o tempo de aleitamento menor a possibilidade de desenvolvimento dessas doenças”, alerta.
Benefícios do aleitamento materno para a mulher
Além de promover um momento especial entre mãe e filho, a amamentação auxilia na recuperação pós-parto. “O aleitamento diminui a possibilidade de ocorrência de hemorragia pós-parto e é uma aliada na perda de peso. Erroneamente, se fala muito atualmente que a amamentação pode tornar a mama caída e flácida, mas, na verdade, se a mulher manter a mama vazia, amamentando com a frequência necessária, a mama permanecerá firme, sem problema algum”. Estudos científicos ainda comprovam que o aleitamento reduz a incidência de cânceres de colo de útero, de ovário e de mama.
O momento certo para parar de amamentar
A criança deve mamar exclusivamente no seio até o sexto mês. “Caso a mulher precise voltar a trabalhar antes desse período, é de extrema importância que se mantenha a lactação, tirando e estocando o leite. A partir do sexto mês, a alimentação pode ser complementada com papinhas de frutas e legumes. Mas vale ressaltar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o aleitamento materno prossiga até os dois anos de idade”.