O secretário de Estado americano, John Kerry, advertiu nesta quinta-feira em Viena que as negociações nucleares com o Irã “não podem durar para sempre” e afirmou que os “assuntos difíceis não serão mais fáceis com o passar do tempo. Algumas destas decisões devem ser tomadas muito em breve, de uma forma ou de outra”.
“Não podemos esperar até mais para que se tomem estas decisões. Estamos absolutamente preparados para declarar encerrado este processo”, ressaltou.
Mesmo com o tom mais enfático mostrou esperanças de poder chegar ainda a um acordo durável com o Irã sobre seu programa nuclear.
“Não devemos nos render. Como o trabalho é muito técnico e o que está em jogo é muito importante, não vamos nos precipitarmos, nem vamos deixar nos apressarem”, assinalou.
Segundo Kerry, “não estamos aqui (em Viena) só pelo mero fato de negociar. Estamos aqui porque fizemos progressos reais para um acordo completo”.
“Mas, como disse muitas vezes e como falei com o presidente (americano Barack) Obama a noite passada, não vamos continuar negociando para sempre”, alertou Kerry.
As partes buscam uma saída dialogada ao conflito nuclear com Teerã há 20 meses, sempre com o objetivo de bloquear o acesso do Irã às armas nucleares.
“Todos estamos focados na qualidade do acordo. Se no final formos capazes de conseguir um acordo, este deve superar a prova do tempo durante décadas, esse é nosso objetivo aqui”, explicou o secretário de Estado, que está direto em Viena desde 27 de junho.
Admitiu que “é simplesmente um fato que, apesar dos avanços, alguns assuntos duros continuam sem ser resolvidos”.
“Também reconhecemos que não devemos nos render e ir só porque o relógio marcou meia-noite”, concluiu Kerry, em aparente referência ao interesse por concluir o acordo antes do recesso do Congresso americano, que começa amanhã.
Minutos antes, o ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, tinha dito que as negociações continuariam esta noite e na manhã de sexta-feira.
“Isto é como uma maratona e os últimos 100 metros são os mais duros”, afirmou Fabius, que lembrou que, “uma vez que a meta seja alcançada”, saberemos quanto ainda falta para conseguir um acordo.
“É preciso respeitar a firmeza construtiva (frente ao Irã). Repito que ainda há coisas difíceis a regular”, disse o ministro francês à imprensa.
A reta final das negociações nucleares com o Irã, no máximo nível político, entraram hoje em seu 13º dia consecutivo, com duas prorrogações em busca de chegar a um acordo.
O prazo vence amanhã à meia-noite, e o Irã e o G5+1 querem chegar a um tratado durável que ponha fim a 13 anos de disputa atômica com a República Islâmica.
O principal empecilho para um entendimento é a definição do formato de suspensão das sanções internacionais contra o Irã e as inspeções da ONU que o país deve aceitar para verificar um eventual acordo.
