O movimento Hamas exigiu neste domingo (7) que o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, pare de dialogar por meio da imprensa, após o dirigente acusar o grupo islamita de exercer um “governo obscuro” na faixa de Gaza.
“Os comentários de Abbas contra nosso movimento e contra a resistência são injustificados e carecem de base. Estamos de acordo em realizar uma reunião entre Fatah e Hamas para continuar o diálogo e implementar a reconciliação”, afirmou o porta-voz do Hamas em Gaza, Sami Abu Zuhri. “Instamos que pare o diálogo por meio da imprensa e dê uma oportunidade ao diálogo entre os dois movimentos”, afirmou.
Abbas havia dito que, em virtude do acordo de unidade entre os islamitas e o partido nacionalista Fatah, o território ocupado deve ser governado por apenas uma autoridade. Em reunião com jornalistas realizada em residência no Cairo, no Egito, o presidente palestino afirmou que “a unidade é a única opção e a situação atual não representa essa unidade”.
Além disso, Abbas ameaçou deixar de cooperar com o Hamas se o grupo não mudar de atitude e aceitar o governo de unidade, pactuado entre os islamitas e o Fatah. “Se Hamas não quer apenas uma autoridade, uma só lei e uma só arma, não vamos aceitar cooperar com eles”, disse o presidente palestino e líder do secular Fatah.
Segundo os termos de um acordo de reconciliação assinado em abril, os palestinos aceitaram formar um governo interino de consenso, integrado por personalidades independentes.
O acordo pôs fim a sete anos de rivalidade entre as administrações da Cisjordânia, controlada pelo partido Fatah de Abbas, e de Gaza, nas mãos do Hamas.
DESNTENDIMENTOS
No entanto, aparentemente as disputas entre as duas facções rivais seguem vigentes e podem ter aumentado depois que a imprensa local informou que forças da ANP estavam se preparando nos últimos dias para retomar o controle da passagem fronteiriça de Rafah, no sul de Gaza e na fronteira com o Egito, e atualmente sob autoridade do Hamas.
A abertura da passagem de forma permanente foi uma das exigências do grupo islamita para se chegar a um cessar-fogo com Israel no último conflito armado em Gaza, que terminou em 26 de agosto, após 50 dias de combates e um saldo de mais de 2.000 palestinos e 70 israelenses mortos. Aproximadamente 17 mil casas foram destruídas na faixa pelos bombardeios israelenses.
Nesta semana, foi publicada uma pesquisa que revelou que o Hamas, após o fim da guerra em Gaza, tem uma popularidade na região que não era vista desde 2006.
CONFLITO COM ISRAEL
Em relação ao conflito com Israel, o Ministério das Relações Exteriores israelense elaborou um plano que foi apresentado ao gabinete para seu estudo e inclui o desdobramento de uma força internacional na faixa de Gaza para supervisionar sua reconstrução e impedir o rearmamento do Hamas, informa neste domingo o jornal “Haaretz”.
O veículo ressalta que a Chancelaria considera que tal desdobramento, que poderia incluir forças europeias, poderia servir aos interesses de Israel se desenvolver com efetividade seu trabalho em matéria de segurança.