Sociedade articula vigilância em obra

Alguns setores da sociedade de Rondonópolis já vêm se posicionando em relação ao acompanhamento de perto e à cobrança de providências em relação aos defeitos verificados no pavimento recém construído na travessia urbana da BR-364. O Jornal A TRIBUNA mostrou que, com menos de 60 dias de uso, o asfalto da obra apresentou defeitos considerados graves. Desde fevereiro deste ano estavam sendo feitas análises técnicas para identificar a origem/causa dos problemas apresentados. Na semana passada, o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em Mato Grosso (Dnit-MT), Luiz Antônio Garcia, informou que os laudos técnicos já estavam prontos e que seriam entregues à Prefeitura de Rondonópolis.
Conforme o Dnit-MT, as explicações sobre a causa dos defeitos e as providências a serem tomadas em relação à travessia urbana das BR-364 caberão à Prefeitura de Rondonópolis, que é a gestora da obra e a contratante dos serviços. Em resposta, o secretário municipal de Infraestrutura, Ronaldo Uramoto, externou que espera apenas o recebimento dos laudos técnicos para se posicionar para a sociedade sobre os problemas. Nesse contexto, o Comitê Pró-Rodovias, formado por membros da sociedade em busca de melhorias para as rodovias da região, e o Observatório Social, organização que atua no monitoramento da aplicação dos recursos públicos, são alguns organismos que prometem cobrar a lisura/correção nas obras da travessia urbana.
No momento, as obras da travessia urbana foram paralisadas para revisão do projeto. O prazo inicial era de conclusão da obra em dois anos, em um trecho de 13,5 quilômetros, mas já se passaram três anos. O custo total está avaliado em de cerca de R$ 54 milhões. Por enquanto, a confusão no trânsito e a intensa poeira são constantes no trecho entre o antigo aeroporto e o posto da PRF, trazendo dor de cabeça aos motoristas.
Veja, a seguir, as próximas ações que alguns segmentos da sociedade pretendem tomar em relação à obra da travessia urbana da BR-364, em Rondonópolis:

Comitê promete intensificar ações por rodovias

O presidente do Comitê Pró-Rodovias, empresário e médico Elmo Bertinetti, externa que o movimento do qual faz parte vai iniciar neste mês de abril novas ações em prol de melhorias nas rodovias da região. O movimento surgido da sociedade tem como foco as cobranças pela viabilização das obras da travessia urbana de Rondonópolis, da conclusão do viaduto local, da conclusão da MT-040 (alternativa para a BR-364) e da duplicação da 364 entre Rondonópolis e Cuiabá.
Em relação aos problemas verificados no pavimento da obra da travessia urbana, Bertinetti informou que o Comitê vai aguardar as explicações da Prefeitura sobre os resultados dos laudos técnicos feitos. “É uma vergonha chegar onde chegou essa obra… Cadê os nossos representantes que não aparecem na cidade para explicar essa situação?”, avaliou, acrescentando que a sensação é de que sociedade vive sendo embromada.
Nas próximas semanas, o Comitê Pró-Rodovias pretende fazer uma nova reunião com o Observatório Social de Rondonópolis, visando definir as metas de atuação a serem traçadas. Uma das grandes prioridades do grupo é a viabilização da MT-040, rodovia alternativa à BR-364, passando pelo Pantanal. Ele diz que o término da pavimentação dessa rodovia estadual salvará muitas vidas e diminuirá o tempo de percurso entre Rondonópolis e Cuiabá. Nesse propósito, atesta que o trecho de cerca de 70 quilômetros restante já está licitado, faltando apenas a ordem de serviço. “É uma obra muito barata diante dos resultados a serem gerados”, atestou, avaliando que o custo gira em torno de R$ 60 milhões.

Representação é repassada ao Ministério Público Federal

O promotor de justiça Wagner Antônio Camilo, titular da 2ª Promotoria Cível e de Defesa do Patrimônio Público, externou ao Jornal A TRIBUNA que tem acompanhado informações acerca da obra da travessia urbana da BR-364, em Rondonópolis. Inclusive, repassou que recentemente recebeu uma representação do Observatório Social de Rondonópolis quanto aos problemas verificados na execução da obra.
Contudo, Wagner Antônio argumentou que verificou que a travessia urbana da BR-364 é um caso da alçada do Ministério Público Federal, por se tratar de uma obra de interesse federal, sendo um bem da União e contando com recursos federais, devendo prestação de contas ao Governo Federal. Por isso, conta que imediatamente passou a representação ao Ministério Público Federal, para a tomada das devidas providências.
Além da providência na esfera jurídica, o promotor de justiça estadual observou que tem visto várias ações emanadas da sociedade, com o intuito de cobrar transparência e solução para os problemas na obra da travessia urbana, a exemplo das desenvolvidas pela Câmara Municipal e entidades junto ao Poder Executivo e ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em Mato Grosso (Dnit-MT), as quais também são importantes.

recomece de imediato e que seja de boa qualidade””]Vereador atesta que Câmara Municipal não se omitirá

O vereador Milton Mutum repassou ao Jornal A TRIBUNA que a Câmara Municipal, no seu todo, e ele particularmente como cidadão vão estar acompanhando e cobrando soluções para os problemas verificados na obra da travessia urbana da BR-364, em Rondonópolis. Primeiramente, explicou que é preciso saber os resultados dos laudos técnicos feitos na rodovia e qual vai ser a postura da Prefeitura diante dos problemas.
Conforme Milton Mutum, é crucial que os resultados das análises técnicas sejam apresentados à sociedade. “Nós vamos estar atentos à situação”, prometeu. “O interesse é que a obra [na travessia urbana] recomece de imediato e que seja de boa qualidade. Nós não admitimos que fique do jeito que está”, externou ele, lembrando que o normal é que as obras públicas tenham uma garantia de cinco anos. Contudo, observou que em menos de 60 dias o pavimento executado na obra da travessia urbana já apresentou defeitos/avarias.
O vereador destacou ainda que a realização de forma adequada da obra da travessia urbana é uma luta hoje de toda a sociedade, não apenas uma luta pessoal. “Esse tipo de obra é uma vergonha. Nós, rondonopolitanos, não podemos admitir uma obra dessa”, externou sobre a situação atual da travessia urbana da BR-364, em Rondonópolis.

Observatório Social está acompanhando situação da obra

A partir de uma parceria com o Comitê Pró-Rodovias, o Observatório Social de Rondonópolis também vem apurando a real situação da obra da travessia urbana na BR-364. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos, mantida por empresários, com o propósito de acompanhar as atividades e ações da administração pública.
No caso dos problemas do asfalto novo nas obras da travessia urbana da BR-364, o Observatório Social ficou encarregado de fazer um diagnóstico completo da situação encontrada, levantando e analisando dados do processo licitatório, contratos e outros documentos/realidades. Dessa forma, através dos instrumentos de controle social, vem garantindo um acompanhamento técnico das obras, visando as providências cabíveis diante do envolvimento de recursos públicos.
O presidente do Observatório Social do Paraná, Sir Carvalho, preferiu não entrar em detalhes das ações que estão sendo tomadas neste momento em relação à obra, argumentando a preocupação de não haver pré-julgamento político do trabalho técnico do Observatório Social de Rondonópolis. Por outro lado, enfatizou que a maior importância da participação do Observatório dá-se pelo escopo técnico do trabalho.