Estamos vivendo a chamada “era do espetáculo”. Neste espetáculo, proporcionado pelas redes sociais, se mostra de tudo um pouco: sapatos novos, conquista amorosa, viagem de férias, embarque no avião, músculos… Dentro deste contexto, estão também as notícias, nem sempre confiáveis, de qualquer parte do mundo que chegam às nossas mãos em questões de minutos, até segundos, pelas redes sociais.
Mas, com esse grande acesso à informação em tempos de compartilhamento sem limites, os crimes virtuais também acabam se multiplicando. Conforme noticiado ontem (2) pelo Jornal A TRIBUNA, uma funerária de Poxoréu foi condenada pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJMT) a pagar R$ 15 mil por expor a imagem de um cadáver nu que era preparado para o velório. O jovem havia sido assassinado e um vídeo mostrando o seu corpo feito dentro do estabelecimento circulou pela web desenfreadamente.
O caso é semelhante ao que aconteceu com os corpos do cantor Cristiano Araújo e de sua namorada Allana Moraes, vítimas de um acidente de trânsito, imagens foram reproduzidas por milhões de pessoas em todo o país. A questão é: um ser humano que grava vídeos amadores de acidentes e tragédias estaria exercendo seu direito de informação? O consumidor dos vídeos estaria acobertado pelo direito de acesso à informação constante no inciso XIV do artigo 5º da Constituição Federal?
Em nenhum momento se cogita a possibilidade de censura do direito à liberdade de informação e individual, mas cabe uma reflexão constitucional. A mesma Constituição Federal que admite o direito à informação, também veda a submissão de alguém a tratamento degradante e garante o direito à privacidade, intimidade e imagem das pessoas. E o que se ganha com isso? É mais interessante você demonstrar para as pessoas que você foi testemunha ocular daquilo e ganhar “status”, do que pensar naquele que faleceu ou na sua família e amigos?
A informação de que tais compartilhamentos são crimes está tão acessível quanto às imagens. Mas o bom senso e a compaixão parecem cada vez mais escassos. Aos que amam aquele que partiu, além de terem que lidar com a dor da perda, ainda precisam passar pelo incômodo da exposição desnecessária. Da próxima vez que apontar o seu celular para fotografar e filmar alguma situação assim, lembre-se que um pouquinho de compaixão não faz mal à ninguém.
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