Fomentada pela intolerância, descrença e impunidade, a barbárie ganha força e forma na sociedade. O olho no olho, dente por dente não começou hoje, mas ganha força no país pela indignação da sociedade baseada numa política e justiça ineficazes e injustas. Em nossos dias, não há, como no tempo dos romanos, uma divisão entre o mundo bárbaro e o mundo civilizado. A questão social é todo um problema suscitado por alguma anomalia na vida da sociedade. Ninguém ignora que o mundo já conheceu e vivenciou muitas questões sociais que culminaram em conflitos: lutas entre plebeus e nobres, entre escravos e homens livres, entre nobres e burgueses na Idade Média, etc. Mas é um erro supor que a única forma de “questão social” é a luta entre classes. E uma questão social deste tipo pode existir, medrar, levar aos mais trágicos desfechos, sem que entre as classes componentes do organismo social haja luta ou rivalidade. Assim, pois, a luta de classes é uma forma de “questão social”, porém não é a única, e nem sequer é necessariamente a mais perigosa delas.
Na última quarta-feira, 8, em Rondonópolis, houve um experimento de linchamento em uma tentativa de roubo de uma motocicleta, do qual o assaltante usava uma faca como arma. De acordo com as informações que constam no Boletim de Ocorrência (BO), ele teve as mãos amarradas com uma corda e foi agredido por populares com socos, pontapés e golpes de capacete na cabeça.
Neste crime coletivo, o que buscavam os seus autores era a justiça rápida, mesmo que a ferro e fogo. Condenável, sem dúvida. No entanto, enquanto persistir essa sensação de impunidade entre a sociedade brasileira e a lentidão de fazer justiça pela própria justiça, infelizmente, vamos continuar convivendo com episódios lamentáveis como esse registrado em Rondonópolis.
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