(*) Brasilino da Silva
Os Apalaches com mais de três mil quilômetros lhe vieram à mente
Não por acaso já que a tal cadeia garbosa se impõe de um país a outro
Cadeia montanhosa potente que beira os céus e limita viajantes do ar
Especialmente contraria as massas dos gélidos frios às espessas chuvas
Céu cor de chumbo e lama vermelha que entristecia a alma de Paulo Freire
Ainda tem aqueles dias de sois de cristal a vermelho sangue tal a lua dele
Também a visitar as entranhas ornada e belas da tal cadeia montanhosa
Das chuvas aos sois ou breu da noite desde tempos imemoriais lá está ela
Apalaches e Allegannys
Casa das Águias
Vidas em liberdade
Montanhas em cadeia
Dia de calor e umidade baixa; se deveria visitar cadeia pela enésima vez
À cata de mais um daqueles humanos enredados nos anéis daquela cadeia
Enésima não, nos últimos quarenta anos uma a mais no rosário do mister
Sabia antecipado das dores de doer a alma porque anéis se fizeram grilhões
Anéis, elos, argolas, grades, cadeados, e concertinas enroladas como cobra
Afiadas feitas a capricho adornam o espinhaço fim dos seis metros de muro
Encadear, amarrar, tolher e sustentar até alquebrar até as forças dos sonhos
Vida moça bonita de uns quarenta em lugar insalubre exalava cheiro de dente podre ou infecção a atravessar o locutório
Cadeias montanhosas
Sonhos de liberdade
Cadeias humanas
Cheiros da morte
(*) Brasilino José da Silva é poeta em Rondonópolis