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Rondonópolis
, 14 maio 2024
 
 

A Praça dos Carreiros atende a população?

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(*) Messias Fuzette, Vanessa Samuely e Rudson Brenno

A Praça dos Carreiros, outrora palco de encontros de viajantes e mascates, teve sua origem como um epicentro de trocas, vendas e negociações comerciais. Além de proporcionar repouso, o espaço oferecia sombra para os viajantes, tendo em vista que, nos anos 1950, a praça consistia essencialmente de um terreno arborizado.

O nome “Praça dos Carreiros” alude à convergência nesse local dos carros de boi que chegavam à cidade, sendo oficialmente inaugurada em homenagem aos carreiros no ano de 1982, durante a gestão do prefeito Valter de Souza Ulisséia. Desde sua concepção até o presente momento, a Praça dos Carreiros acumula uma rica tapeçaria de Histórias, passando por transformações ao longo do tempo, enquanto essas memórias continuam a ecoar no imaginário coletivo.

Em 1988, a Comissão de Patrimônio da Prefeitura Municipal de Rondonópolis, conduziu um estudo para o tombamento da Praça, mas posteriormente não houve continuação das ações nesse sentido. Um dos processos de revitalização mais recente foi empreendido e inaugurado em 21 de setembro de 2020, sendo que este foi o 1º projeto de revitalização das Praças de Rondonópolis, na gestão do atual Prefeito do município, sr. José Carlos J. de Araújo.

Este Prefeito se dedicou em fechar com tapume, reformar e/ou construir praças na cidade de Rondonópolis, dentre elas as Históricas Praça Brasil, Praça da Saudade, a Praça da Vila Operária, a Praça da Santa Casa de Rondonópolis e outras … Estas ações nos levam a refletir sobre a importância da fiscalização dos Bens Públicos, para que haja certa blindagem, após um investimento significativo em suas restaurações.

A revitalização da Praça dos Carreiros se destacou por preservar parte das árvores que fazem sombra e a História do local. Na parte restaurada, mantiveram as características originais, incluindo as estrelas no piso, feitas de pedras portuguesas; a instalação de pisos intertravados; a reativação do espelho d’água e a restauração do coreto, com a inclusão de rampas de acesso para pessoas com deficiência. O espaço também passou a contar com jardinagem, um Parquinho cercado para crianças; a reforma do Ponto de Ônibus e do Estacionamento com pavimentação em concreto; e, a construção de três quiosques.

Ao analisar minuciosamente a Praça e seus arredores, algumas questões surgem de imediato: a falta de manutenção em determinadas áreas verdes; os bancos que já foram quebrados; as lixeiras que já foram danificadas; as calçadas em alguns pontos já foram quebradas e ainda, observa-se as pichações nas paredes e outros danos que atribuímos a vândalos que não reconhecem a importância desta e outras Praças da Cidade. Tal fato, levanta preocupações quanto à capacidade das autoridades públicas em EDUCAR PARA CONSERVAR os BENS HISTÓRICOS E CULTURAIS. Questões de manutenção preventiva, fiscalização e gestão das Praças se apresentam como desafios a serem enfrentados para garantir a longevidade dos espaços públicos. Seria o TOMBAMENTO DAS PRAÇAS UM INSTRUMENTO DE CONSERVAÇÃO E EDUCAÇÃO QUE GARANTIRIA MAIOR LONGEVIDADE AOS ESPAÇOS PÚBLICOS?

Outras perspectivas também se lançam aos nossos olhares, quando usufruímos da Praça dos Carreiros, pois fica evidente a falta de planejamento arquitetônico com responsabilidade social, como é o caso do ponto de ônibus e dos quiosques.

Parece-nos que não foi realizado um estudo de viabilidade ao usuário, já que no terminal para os ônibus do transporte coletivo, não tem uma cobertura adequada para proteger da chuva seus usuários e o piso não está na mesma altura dos veículos. Este transtorno seria facilmente resolvido, se construíssem uma cobertura no ponto de ônibus; ou mesmo prevendo um futuro, não muito distante para a cidade, que é construir um terminal de embarque e desembarque, seguindo as regras e normas de base da ABNT, as quais impõe uma série de processos para facilitar a vida dos usuários.

Inclusive, suprimindo escadas, e igualando a altura do piso, com vistas a acessibilidade para idosos e PNEs (Portador de Necessidades Especiais). Com tais procedimentos, um cadeirante, não teria que esperar o motorista sair do volante e se dirigir para uma das escadas do ônibus, para operar o sistema de elevação para que pudesse subir para o coletivo! Esse usuário simplesmente andaria alguns poucos metros no piso do terminal até o ônibus como se não tivesse mudando de espaço, pois as alturas de acesso seriam iguais.

Sobre os três quiosques, está evidente a confusão sobre a quem se destina: vendedores de lanches ou vendedores de artesanatos?
Historicamente na Praça dos Carreiros haviam vendedores de sorvete, pipoca, sucos, água de coco, garapa de cana, etc…, tais comerciantes informais, durante a reforma precisaram sair da Praça. Parece que os quiosques foram construídos para comercializar tais produtos. Para o artesanato faz-se necessário uma arquitetura adequada, com cobertura para expor os objetos e protegendo-os do sol e calor ou da chuva em tempos de cheia.

Na audiência pública realizada em 08 de março de 2017, pela Secretaria de Cultura, os artesões, indígenas, artistas plásticos e trabalhadores da agricultura familiar que estiveram presentes, solicitaram ao Secretário se Cultura por meio de um abaixo-assinado e discursos, a construção da “Casa do Artesão na Praça dos Carreiros”, para terem um ambiente mais agradável de venda e criação dos seus trabalhos. Solicitaram um espaço, com ar-condicionado, sanitários, loja e sala de cursos e palestras; portanto, um local apropriado a economia criativa. Contudo não foram atendidos e, lhes foram destinados os quiosques “das lanchonetes”, desabrigando outros trabalhadores da Praça.

Em que pese os problemas apresentados, ainda assim, quando a Praça foi inaugurada, trouxe novas perspectivas e narrativas para a memória do Lugar, visto que ali, se realizam eventos culturais, servindo como um espaço multifuncional que tende a valorizar a identidade cultural da cidade. Portanto, esta pode ser considerada, como ponto de encontro para famílias, uma vitrine para o artesanato local e um símbolo do desenvolvimento urbano de Rondonópolis, com a verticalização da cidade, visível a partir da Praça.

Enfim, concordamos que existem desafios contínuos, como a manutenção adequada que depende de um compromisso duradouro entre o Poder Público e os usuários, todos responsáveis pela sua preservação e reconhecimento Histórico e Cultural, de seu papel, como um Centro Cultural e Comunitário vital para a cidade.

(*) Messias Fuzette Junior; Vanessa Samuely da Silva Oliveira e Rudson Brenno de Lara Gomes são estudantes do Curso de Licenciatura em História, da UFR.

 

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