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, 15 maio 2024
 
 

América Latina: os arranjos e rearranjos econômicos

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Caros leitores, nosso esforço visa, compreender os pilares conjunturais e estruturais sob os quais sustentam os processos pelo fim da dependência econômica, no final do século passado e, já na segunda década do século XXI, cujas consequências do processo de ajustamento começaram a produzir desgaste dos governos voltados para políticas públicas em substituição de governos conservadores. Com a perda de legitimidade desses governos, inicia-se então um processo de transformações que centram, numa desconstrução econômica que caminha na direção do caos em toda a América Latina. Estas transformações contribuem para o enfraquecimento dos partidos, das organizações de esquerda e das lutas dos movimentos sociais, resultando na eleição de chefes de Estado que ameaçam a frágil e já instável estrutura democrática continental.

Este bloco de poder na região na década de 1990, configurava uma posição antineoliberal, a partir da construção de alternativas, que se expressavam nos projetos para integração regional para a América Latina. Neste contexto, por vias democráticas os Estados latino-americanos cumpriam um importante papel no esforço na construção de uma articulação política entre os governos para uma inserção autônoma da região, fato que resulta de um rechaço popular às políticas neoliberais, e seus nefastos efeitos como desemprego, arrojo e baixos salários, falta de perspectivas, pressão da dívida externa, FMI, em especial para os jovens. É fundamental frisar que esses governos não adotam políticas homogêneas, mesmo porque possuem condições políticas específicas em seus Estados nacionais. Essas especificidades aparecem em discursos e ações que guardam dadas proporções a relação entre o neoliberalismo e o imperialismo.

Isto pode ser visto na atuação externa em temas sensíveis como: regras de investimento, propriedade intelectual e agenda ambiental. Percebe-se, a fragilidade das coalizões de poder local agravadas pela lentidão da integração, o que tornou as unidades vulneráveis diante da reversão do ciclo de negócios internacional, como a queda do preço das commodities, por exemplo, tão relevante variável para a autonomia de países que tem nestes itens papel preponderante em suas pautas de exportação. O quadro teórico-conceitual dos clássicos da Economia Política e Teoria da Dependência observam as estruturais da dependência econômica, sob o qual se formaram os Estados latino-americanos.

A dinâmica econômica torna-se vital para compreender as experiências contemporâneas na perspectiva de totalidade. Tomando estes aspectos como referencial cabe aqui estabelecer uma interlocução entre os determinantes estruturais da dependência latino-americana na busca da autonomia regional. Para tanto, é importante retomar inicialmente alguns elementos da formação econômica da América Latina, assinalando o papel que essa cumpre na reprodução ampliada de capital, para em seguida, situarmos o estágio monopolista, que traduz inflexões no modo de produção capitalista, na etapa hegemonizada pelo capital financeiro.

A América Latina constitui experiências de resistência à condição estrutural periférica de suas economias. A história da região é constituída por processos revolucionários, movimentos sociais entre outras iniciativas que demonstram os descontentamentos e os protestos populares que buscam a sua inserção subordinada na divisão internacional do trabalho.

O aumento dos preços das commodities permitiu o escoamento com preços melhores dos produtos primários das economias latino-americanas (grãos, petróleo, gás, etc) e a alteração na divisão internacional do trabalho afetou o destino geográfico da pauta agroexportadora latino-americana. Diante dessa condição externa favorável, importantes arranjos proporcionaram à criação de uma coalizão antineoliberal, expressa na política institucional, na articulação de movimentos sociais, na construção de políticas públicas de combate à pobreza, ao desemprego e à exclusão social.

Esses arranjos surgem como uma tentativa de contornar as estruturais de sua dependência. Resistência a essa situação adversa, demonstram que a construção da unidade latino-americana é um projeto essencial da formação econômica, pela autonomia tecnológica, capacidade de resistência e da inventividade na construção de arranjos regionais anti-imperialistas.

Seguidas em situações de aprofundamento da dependência, a articulação econômica regional surge como necessária nos mecanismos às adversidades, nesse aspecto, as conjunturas favoráveis às economias dependentes viabiliza a construção de projetos alternativos em nível regional. Verifica-se na história recente da América Latina, a ausência de medidas mais efetivas de integração. Estas dificuldades precisam ser entendidas no âmbito da heterogeneidade em termos de produtividade e tamanho de mercado dos países da região.

Além disso, fica claro que as coalizações de poder, não foram capazes de alterar a tendência de aprofundamento de uma inserção regressiva. Assim, a realidade demonstra que esses condicionantes estruturais da dependência só poderão ser superados, por meio da construção de programas de políticas públicas, que imprimam mudanças estruturais, paralelo a um projeto de desenvolvimento econômico, que centre de fato suas ações nas necessidades das populações latino-americanas.

(*) Ney Iared Reynaldo, doutor em História da América, docente Associado dos cursos em Ciências Econômicas/FACAP/UFMT e História/ICHS/UFMT, [email protected]

 

 

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