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A água e a vaca

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Renato de Paiva - 09-04-15

Porque há dois anos chove pouco aqui no Brasil, principalmente no Sudeste, houve aumento no custo da energia elétrica e também falta de água nas torneiras de algumas grandes cidades. Foi o suficiente para o termo “pegada hídrica” ganhar força e recorrência. Como sempre acontece, um grupo mal informado, mas com grande poder de ocupar espaços na TV e jornais, aproveitando da pouca informação e senso crítico da mídia, vende ideologias e conceitos que não resistem a um raciocínio lógico.
Criaram agora uma tabela de “consumo” de água para produção de alimentos, demonizando a vaca, que segundo os ideólogos, consome (enfatize-se “consome”) 16 mil litros de água para produzir um só quilo de carne. Consumir significa gastar, destruir, extinguir. O petróleo, por exemplo, é consumido. Retirado do fundo da terra, onde foi formado há milênios, transforma-se em energia e o que sobra, em poluição. Ele é um bem finito, mais cedo ou mais tarde vai acabar.
A água não é um bem finito. A mesma quantidade que temos dela hoje nos rios, nos seres vivos, nos mares, no subsolo, nas plantas, na atmosfera etc é a mesma que havia no início do mundo. O grande erro dos zelotes catastrofistas é confundir consumo com uso. A água não é consumida como o petróleo, mas somente usada. Uma molécula dela que você tomou hoje, provavelmente já esteve no intestino de um dinossauro, na bexiga de um índio bororo ou, se calhar, foi a primeira bebida da Eva após a expulsão do mítico paraíso.
A vaca não “consome água”, como sugerem os vegetarianos, apenas participa do ciclo bebendo-a, comendo capim, defecando, urinando, transpirando, respirando. O volume de água no universo, com a vaca ou sem ela, será sempre o mesmo.
Mas se quisermos a água disponível no pasto em que a vaca está, precisamos cuidar do entorno (matas ciliares, proteção de minas etc) senão ela (a água, não a vaca), que é meio temperamental, vai pra outro lugar. Se argumentarem que há pastos que são irrigados o raciocínio não se altera, posto que o ciclo se mantém inalterado: retira-se a água do rio, molha-se a terra e as plantas, o que sobra no solo infiltra para o lençol freático, realimentando os mananciais e parte evapora formando a chuva que enche de novo o rio.
Claro que se captarmos muita água de um rio que abastece cidades para usá-la em irrigação de lavouras, vai faltar para a população. Não que tenha sido consumida, mas porque o volume ali disponível não é suficiente para tanta demanda ao mesmo tempo.
No Nordeste brasileiro sempre faltou água. No Norte, sobrou. No Sudeste só está faltando porque as pessoas teimam em morar todo mundo no mesmo lugar, formando as grande metrópoles. Se as pessoas se distribuírem melhor geograficamente e cuidarem dos esgotos e mananciais, não há nenhuma razão para preocupações.
A água é infinita e indestrutível. Embora misturada com impurezas continua intacta. “Lavando-a”, ela volta ao cristalino estado inicial. O problema é que “lavar” água custa caro; então, é melhor não sujá-la.
Por último, voltando à demonizada vaca, não se preocupe com o churrasco domingueiro, pois com certeza não estará “consumindo” os absurdos 16 mil litros de água por quilo de carne, como pregam os ambientalistas. Aliás, não estará consumindo nem uma mísera molécula de H2O.
Obs. Para este texto roubei diversas ideias do meu amigo Arno Schneider, pecuarista e engenheiro agrônomo de vasta experiência.

(*) RENATO DE PAIVA PEREIRA é escritor e empresário em Cuiabá

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