25 C
Rondonópolis
, 18 maio 2024
 
 

Falta confiança

Leia Mais

- PUBLICIDADE -spot_img

Eleri _U

A confiança é um dos principais ativos empresariais e de relacionamento na atualidade. Se observarmos com atenção, todas as nossas relações, e principalmente a intensidade e o comprometimento que emprestamos, tem esse elemento como aspecto central.

A começar pelos negócios em que muitos se estabelecem pelas relações pessoais. Ninguém faz negócio com uma empresa que não tenha o mínimo de confiança, ou estabelece alguma relação de amizade com uma pessoa se a confiança não for recíproca. Caso não haja, se mantém uma distância razoável para não criar problemas.

O marketing, por exemplo, desempenha papel importante para, em uma de suas atribuições, realçar esse atributo essencial, tanto para o ambiente corporativo como o de clientes finais.

A título de exemplo, o que no tempo do meu avô era feito na cadernetinha, ou de memória, com um histórico de cada cliente, se tornou recentemente um cadastro de pessoas confiáveis explicitamente: o cadastro positivo. Tamanha é a importância desse ativo no ambiente contemporâneo.

Quem experimentou amargamente esse sinal dos tempos e do seu próprio desempenho foi o governo federal com os leilões de concessão de rodovias e outros serviços públicos pelo país afora.

Não é apenas o governo federal que está sofrendo com o tema. Várias prefeituras também tem enfrentado o inapetente desejo de administrar estruturas que podem sofrer interferência das administrações públicas.

No caso do fiasco da BR-262, onde ninguém se habilitou a participar, a primeira defesa do governo foi apontar o boicote dos empresários. Ocorre que, a priori, não há nada que demonstre esse como o principal motivo. Apenas parece falta de confiança no histórico de condução do que já está posto.

Aliás, seria algo disparatado num ambiente de competição, embora se saiba de arranjos e alianças que burlam essa lógica econômica com alguma frequência. Mas não parece ser o caso.

O próximo grande desafio (e talvez o principal de todos) do governo agora é o leilão dos campos do pré-sal. Um dos principais motes de campanha iniciada ainda na eleição de Lula e sendo perpetuado na gestão de Dilma. Inclusive na busca para a reeleição.

Para conhecimento, a área de Libra, na Bacia de Santos, é a maior descoberta de petróleo já feita no Brasil e será leiloada agora em outubro.

Ocorre que os primeiros sinais não são muito animadores. Do total de 40 consórcios esperados para o leilão, apenas 11 se inscreveram. Ficaram de fora pelo menos quatro das principais petrolíferas do mundo o que pode demonstrar uma subliminar falta de confiança no modelo como o governo tem tratado questões dessa natureza.

Dois aspectos são cruciais nesse aspecto: um deles é a transparência, outro, a ingerência desmedida num ambiente em que investimentos privados requerem liberdade mercadológica.

O histórico recente do governo, principalmente de ingerência, dá mostras que passou do ponto nesse último quesito, redundando na explícita falta de confiança dos investidores em relação aos leilões.

Indefinições do governo quanto aos modelos e níveis de participação são apontadas como alguns motivos. Questões específicas obviamente existem, mas de um modo geral as incertezas regulatórias assumem papel preponderante.

Nesse momento tudo contribui para que o receio aumente. O próprio resultado do julgamento do mensalão, ainda sob suspeição pública, dá sinais de que a busca por austeridade e retidão no sistema público como um todo está longe de merecer a confiança da sociedade empresarial.

Embora estejamos tratando de um aspecto complexo do ponto de vista econômico, no contexto administrativo é bastante simples. Risco e incerteza normalmente exigem custos mais elevados (principalmente os de transação) e atraem menos gente com alto nível de exigência e confiabilidade.

Isso vale para qualquer empresário interessado em estabelecer alianças ou cooperação estratégica para melhor o nível de competitividade da sua empresa. Se conseguir transmitir confiança em relação ao seu histórico e o que oferece interessar aos demais, vai se tornar atrativo. Caso contrário, deverá mudar de estratégia.

Boa semana de Gestão & Negócios.

(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É professor do IBG, workshopper e palestrante – [email protected]

- PUBLICIDADE -spot_img
« Artigo anterior
Próximo artigo »

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Publicidade -
- PUBLICIDADE -

Mais notícias...

Baixa do Guaíba revela destruição e prejuízo em Porto Alegre

Este sábado (18) começou sem chuva e com sol em Porto Alegre. A água das ruas já baixou em...
- Publicidade -
- Publicidade -spot_img

Mais artigos da mesma editoria

- Publicidade -spot_img