21.7 C
Rondonópolis
, 19 maio 2024
 
 

Formatura: o início de tudo

Leia Mais

- PUBLICIDADE -spot_img

Wilse ArenaA conclusão de um curso superior certamente é a celebração de uma grande conquista e as cerimônias de formatura se constituem os mais belos momentos desta jornada. São momentos preciosos em que os formandos compartilham sua alegria com os seus entes mais queridos, assim como, expressam o seu reconhecimento àqueles que de alguma forma foram coparticipes desta vitória. É sobre esse reconhecimento que quero falar. Para tanto, tomarei como referência um texto que escrevi em 2009, quando fui escolhida pelos formandos do Curso de Pedagogia para ocupar o cargo de Patronesse.

Como professora da turma, lembrei o quanto havia me esforçado para que compreendessem a profundidade das palavras do saudoso mestre Paulo Freire quando nos alertava que, embora não possamos negar a desesperança como algo concreto, porque às vezes ela toma conta de nosso ser, é fundamental conhecer as razões históricas, econômicas e sociais que a explicam, pois assim mantemos acesa a chama da esperança na luta por um mundo melhor e, com certeza, seremos cada vez mais capazes de transpor a fronteira entre “o ser e o ser mais” e descobriremos o “inédito-viável”.

O inédito-viável, dizia Paulo Freire, é uma coisa inédita que o sonho utópico sabe que existe, mas que só será possível a partir da práxis libertadora, quando a partir da ação-reflexão-ação se derrubam as situações-limites que nos faz “ser menos”.

Por isso, sempre defendi que O CAMINHO SE FAZ AO CAMINHAR, mas é preciso manter a coerência entre o discurso e a prática educativa, de modo a que essa prática seja capaz de contribuir, de fato, para ampliar as condições dos educandos de se interrogarem permanentemente sobre as condições bioantropológicas, históricas, sociais, econômicas, políticas e noológicas do mundo, do homem e do conhecimento humano. Isso porque tenho por princípio que aprender é um ato de conhecimento da realidade VIVIDA PELO EDUCANDO, uma aventura, e que educador(a) é aquele que se esforça para ajudar o educando a conhecer ou construir um sentido que faça valer a pena a busca permanente por novos conhecimentos, lutar pela vida e pelo processo de humanização.

Daí a necessidade do(a) educador(a) possuir uma sólida formação pedagógica; ter credibilidade; ser capaz de promover a construção de uma consciência nova por parte dos educandos sobre os condicionantes de opressão predominantes em diferentes períodos de nossa história; estimular seus alunos para que orientarem suas vidas a partir de valores como o amor, o respeito e a solidariedade para com os outros, uma vez que nos constituem como seres humanos que somos; assumir um compromisso político com os interesses e necessidades daqueles que mais necessitam ampliar suas possibilidades de enfrentamento dos embates sócio, políticos, econômicos e culturais do cotidiano; receber os educandos com alegria e bom humor.

Enfim, acolhê-los como PESSOAS em permanente construção de si mesmas, uma vez que vivem permanentemente estabelecendo relações com outras pessoas em espaços e condições culturais que podem variar e variam, com o tempo, pessoas, histórica e socialmente condicionadas pela cultura de seu tempo, com suas histórias particulares, transgressoras, ostensivas, discretas, cheias de sonhos, desejos, expectativas, anseios, medos, fantasias, angústias, coragem.

Acredito também que educadores politicamente comprometidos com uma educação emancipadora precisam ser mais ousados na elaboração de seus projetos de ensino e de pesquisa; precisam ter coragem para admitir suas próprias limitações e tentar superá-las praticando o diálogo interdisciplinar. Estes são alguns dos atributos e características pessoais e profissionais que já eram destacadas pelo saudoso mestre Paulo Freire, desde a década e 1960. Mas fiz questão de relembrar porque é nesta perspectiva que quero parabenizar a todos os formandos de ontem, hoje e amanhã — em especial, meu sobrinho Carlos Manoel Bandeira de Gouveia Filho, que acaba de se formar em Direito e já foi aprovado na primeira e segunda fase da OAB) — por terem conseguido vencer mais este desafio em suas vidas.

Que cada um, na sua crença, seja abençoado e siga em paz o seu caminho como pessoa e profissional que sabe que a vida sempre continua e, com ela, a luta pela construção de uma sociedade mais justa.

(*) Wilse Arena da Costa – doutora em Educação: Psicologia da Educação – Professora Associada do Departamento de Educação/ICHS/CUR/UFMT (aposentada) e escritora. Contato: [email protected]

- PUBLICIDADE -spot_img
« Artigo anterior
Próximo artigo »

1 COMENTÁRIO

  1. Gostei muito de teu texto profª. Drª Wilse. Parabéns por continuar sendo uma educadora competente naquilo que escolheu para lhe acompanhar durante sua vida toda: o ato de educar. Tive o privilégio de fazer um curso de extensão contigo e o prof. Manoel Mota quando eu ainda era graduando em Geografia aí no CUR/UFMT e, com certeza seus ensinamentos me acompanham até hoje. Abraços.
    Aires José Pereira é graduado e especialista em Geografia pela UFMT, Mestre em Planejamento Urbano pela FAU/UNB, Doutor em Geografia na UFU, prof. adjunto 1 da UFT, membro da Academia de Letras de Araguaína e Norte Tocantinense, coautor do Hino Oficial de Rondonópolis, possui vários artigos publicados em Revistas científicas e 12 livros editados.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Publicidade -
- PUBLICIDADE -

Mais notícias...

Baixa do Guaíba revela destruição e prejuízo em Porto Alegre

Este sábado (18) começou sem chuva e com sol em Porto Alegre. A água das ruas já baixou em...
- Publicidade -
- Publicidade -spot_img

Mais artigos da mesma editoria

- Publicidade -spot_img