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Bronca preventiva

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(*) Eleri Hamer

Quem nunca recebeu uma bronca por precaução? Caseira, quando criança, mesmo sem (ainda) ter feito nada que justificasse a repreensão? Normalmente, a bronca, por si só já é incomodativa, mas quando vem por antecipação parece mais maçante ainda. Como uma cobrança sem justificativa.

Embora de utilidade duvidosa, os pais zelosos, por exemplo, muitas vezes adotam a bronca preventiva na relação com os filhos adolescentes. Há indícios também de que nossa presidente tem esse hábito na gestão com seus ministros e subalternos. Por fim, no ambiente empresarial a prática ainda é comum (mesmo em tempos de gestão com pessoas).

Às vezes é um vício, como uma prática reiterada não intencional, pode ser um hábito ou apenas um modelo de gestão. Mas é de se reconhecer que nele estão embutidos pelo menos dois aspectos importantes: um benéfico e outro pernicioso para as relações humanas e da gestão de recursos nas organizações.

O lado positivo diz respeito a coerente pretensão de se antecipar a menor possibilidade de erro ou incoerência que alguém possa praticar, gerando dano ou mesmo alguma dificuldade futura. Como que chamando atenção para o que virá, normalmente baseado em experiência anterior de resultado nocivo. Gestores com vasta experiência numa determinada área tem maior tendência a eventualmente adotar a prática.

No inconsciente está o objetivo da prevenção de algo que poderá ocorrer se determinado cuidado não for exercido. Vale-se da lógica popular de que prevenir ainda é o melhor remédio.

Depois que o fato indesejado acontece nada mais poderá ser feito para evita-lo, a não ser para mitigar as implicações funestas. Algo de efeito sempre duvidoso. Por isso a lógica de se tentar antecipar aos eventuais desdobramentos encontra guarida.
Na gestão de recursos físicos das organizações também o fazemos, mas não imprime o mesmo efeito, de opressão ou gestão truculenta como com as pessoas. Um gestor de projetos ou financeiro, por exemplo, sempre recorre à análise de riscos antes de implementar uma prática ou ideia. Nesse caso pode represar recursos ou criar folga intencional de caixa, se antecipando a possíveis dificuldades no caminho. Algo salutar e normal.

Utilizando uma metáfora do futebol, a bronca preventiva pode vir junto com um elogio, também servindo para baixar a bola após um bom trabalho, recolocando a situação numa visão mais sistêmica e fazendo com que os colaboradores enxerguem as dificuldades que poderão vir e não caindo em “berço esplêndido” por apenas uma vitória.

A gestão, de um modo geral também pode funcionar assim, mas não apenas assim. Um aspecto importante nesse sentido é que haja transparência. Quando existe a intensão genuína e declarada de prevenir a equipe e a empresa, e não apenas o desejo fortuito de dar a bronca, o modelo pode trazer bons resultados.

O lado negativo de dar bronca preventiva, por sua vez, pode refletir a falta de confiança dos gestores nos seus liderados. É de se esperar que uma vez a equipe cônscia dos seus deveres e das expectativas em torno dela não necessite de censura antecipada. É mais frequente em gestores recém-chegados na empresa ou mesmo guindados à seus postos há pouco tempo.

O uso exagerado pode revelar certo desequilíbrio, ansiedade desmedida ou mesmo falta de controle e planejamento por parte dos gestores-líderes. Não é comum que haja pressão desmesurada apenas com o propósito de prevenir erros, retirando da equipe a autonomia das operações.

Ao final, dar bronca por prevenção pode ter lá suas utilidades, mas é no mínimo temeroso adotá-la como modelo. Excepcionalmente pode ser utilizada, mas é importante saber dosar e manter o equilíbrio. Como em tudo, equilíbrio, coerência e sensatez são fundamentais.

Boa semana de Gestão & Negócios.
(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É professor do IBG, workshopper e palestrante – [email protected]

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1 COMENTÁRIO

  1. PARABENS PELA COLUNA SOU LEITOR ASSIDUO, GOSTARIA DE APROVEITAR E DIZER QUE DEPOIS DE MAIS DE 25 ANOS COMPRANDO NO SUPER MERCADO SÃO JOSÉ PRAIA DO CANTO ACABEI INFELISMENTE PERCEBENDO DESONESTIDADE – EXEMPLO HONTEM 15-04-2014 BACALHAU EM POSTA NA CAIXA PREÇO 51,90 HOJE ELES TIRARAM O PREÇO E O PREÇO HOJE 69,90 UM VERDADEIRO ASSALTO ELES DEVERIAM COLOCAR O PREÇO NOVO QUEM NÃO PROCURA PAGA !!!! DESCULPE NÃO SEI SE AQUI É O LUGAR INDICADO PARA ESSE ASSUNTO DUSCULPE OBRIGADO E NO AGUARDO

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