Todas as maravilhas que encontro neste tempo, que é bem menor do que o meu passado, está relacionado ao comportamento humano e aos seus sofrimentos. Nada material me seduz ou me causa deslumbramento. As interpretações humanas, o instinto destruidor da espécie a que pertencemos, as fantasias inúteis de enredo fora da moda e o generoso instrumento que é o nosso cérebro.
Tenho pavor quando ouço alguém dizer que o tempo está passando rapidamente. Sei que o tempo da vida é um só. Sem atrasos ou avanços. E o tempo correndo significa que a nossa vida caiu na armadilha da rotina. Esta passa rapidamente.
Geralmente, os idosos dizem que não têm tempo para nada, pois vivem uma rotina sem perspectivas de mudanças. O tempo custa a passar para as crianças que, vinte e quatro horas por dia, estão cuidando da sua criatividade lúdica. Criança não vive a rotina, nem sabe o que é. O adulto e, principalmente o idoso, só esquece a rotina quando encontra um grande amor, dizem os poetas. O amor é imprevisível, e quando termina essa imprevisibilidade, vira rotina. A rotina é insalubre em qualquer fase da nossa vida, mais sentida naqueles que já ultrapassaram o meio dia da vida.
(*) GABRIEL NOVIS NEVES é médico em Cuiabá, foi reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)