Beija flor valente

Tinha cama de capim seco,
Entre os galhos de um ipê,
Um paraíso sem beco,
Difícil até pra se ver,
Bem ali que foi gerado,
Longe do perigo da terra,
Com sucesso assegurado,
Sem perseguição e sem guerra,
Fazia um dia de sol quente,
Sobre aquela casa sem janela,
Quando nascia um beija flor valente,
Um príncipe na passarela,
Momento ímpar já vivido,
Na hora do nascimento,
Naquele pódio foi aplaudido,
Com astral e sentimento,
Abriu os olhos bem devagar,
Viu a mamãe bem do seu lado,
Entre as folhas, raio solar,
No ninho um recém chegado,
Uma festança em volta do ninho,
Com canções de alegria,
E o pequenino passarinho,
Emocionava-se e sorria,
O dia já ia embora,
A mamãe deu uma saída,
Logo voltava sem demora,
Foi procurar uma comida,
Seu filhote ficou a espera,
Sentindo um pouco sozinho,
Sem saber que uma fera,
Rondava seu belo ninho,
Uma perigosa serpente,
Que sentiu o cheiro da caça,
E o beija flor inocente,
Não imaginava a devassa,
Infelizmente aconteceu,
Não teve força nem pra lutar,
A cobra o pegou e comeu,
Antes que a mãe pudesse voltar,
Essa é a lei da sobrevivência,
Onde o forte come o mais fraco,
A fome é a grande carência,
Que não se armazena num saco.
(*) Francisco de Assis Silva é bombeiro militar em Rondonópolis. Email: [email protected]