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Rondonópolis
, 20 maio 2024
 
 

Queremos justiça!

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Há quatro dias, familiares, amigos e certamente toda a cidade de Rondonópolis estão vivenciando um caos onde não se tem explicação até agora.
Tudo começou no dia onze de outubro quando às 13h45min Natalino e seu amigo Rilly foram à casa lotérica do Rondon Plaza Shopping para fazer um pagamento de uma conta, ficando lá até pouco antes das duas horas da tarde, pois às duas horas teriam que bater ponto em um supermercado que se encontra no mesmo local – depoimentos sinceros dizem que no momento da presença das duas vítimas na casa lotérica, uma pessoa liga para uma das atendentes ameaçando-a para fazer depósitos de R$ 9.000 em várias contas diferentes. O mesmo diz que no local tem dois “comparsas” que caso não efetuaria os depósitos um deles poderia atirar. Chegando ao supermercado trabalharam normalmente, assim como pessoas humildes, dignas e trabalhadoras.
Por volta das quatro horas da tarde, policiais chegam ao local e dão voz de prisão às duas vítimas sem intimação alguma em mãos e mesmo com uniforme vestidos foram levados sem a presença de nenhuma autoridade do supermercado para que possam defendê-los ali. Depois da intimação na frente dos amigos de trabalho e clientes, os policiais percorrem o shopping com os dois e ainda por cima sentaram em um banco dentro do estabelecimento pra que o motivo da humilhação não bastasse. Ficaram até então no Cisc, onde, que somente seis horas após o acontecido, as vítimas ficaram sabendo o motivo da prisão mediante os advogados de defesa. Lá, os dois não tiveram nenhum dos direitos obrigatoriamente merecidos por qualquer pessoa que fora presa. No dia seguinte, ambos foram transferidos para a prisão Mata Grande, motivo que em seguida veio desespero e preocupação para família e amigos dos meninos.
Presencio o drama familiar desde o princípio do caso. Na tarde do dia 13, familiares e amigos reuniram em frente à prisão para fazer uma manifestação a favor deles para ver se conseguiríamos algo naquele mesmo dia, algo do tipo: a soltura dos mesmos. Infelizmente não sucedemos, mas com a força e ajuda da imprensa, amigos e familiares fortificamos o caso ainda mais e através disso, também, podemos mostrar pra cidade de Rondonópolis que Natalino e Rilly são inocentes.
Na tarde do dia 14, por volta das 17h, recebemos uma ligação em que haveria possibilidades em que ambos poderiam ser soltos antes das 18h. Com emoção, lágrimas nos olhos de felicidade e alegria, nós fomos até a prisão novamente para recebê-los de braços abertos. Mas quando chegamos lá deparamos com a notícia de que o papel que o juiz deveria assinar para aceitar o pedido de soltura estaria em Cuiabá juntamente com o mesmo juiz em que deveria ter assinado. Após conversas com jornalistas e familiares da vítima resolvemos ir ao Anexo do Fórum que fica próximo à Praça da Saudade para que as últimas expressões de esperança pudessem ser em vão e voltar com o Natalino e Rilly. Mas, infelizmente, novamente, não adiantaram de nada tantos questionamentos onde não obtivemos respostas. Na qual a mesma tese que pensávamos que seria uma hipótese em que diz que o documento estaria com o juiz em Cuiabá fora confirmada. Terminamos a noite quando uma repórter deu a notícia de que teríamos que esperar a volta do juiz e em que esse caso pernoitará mais um dia. Com dois inocentes em cárcere privado.
Voltamos para casa, cabisbaixos, com o motivo de não tê-los em nosso lado, mas com a cabeça erguida de esperança e de que ambas a Justiça Divina e a dos Homens serão feitas.
Antigamente, policiais eram treinados para proteger os inocentes e prender os bandidos, agora acho, particularmente, que a história está revertida, logicamente que não estou generalizando. Rondonópolis está vivenciando um caos a respeito de várias coisas. Mas estou aqui relatando o caos da segurança e dignidade do poder em que policiais obtém relacionado à lei.
Depois de quatro dias de sofrimento, até agora não temos respostas para as perguntas:
– Por qual motivo a atendente da lotérica atendeu ao telefone do comércio sendo que seria prioritário o atendimento da dezena de pessoas que se encontrava na fila?
– Qual é a razão do delegado prender dois inocentes sem ter provas concretas do caso sendo que imagens internas da lotérica não comprovam nenhum ato de que os dois poderiam estar armados?
– Cadê o profissionalismo dos policiais quando deram voz de prisão nem sequer obtiveram o papel de intimação?
– Será que alguém pagará por tais injustiças cometidas contra esses dois?
– Até quando pessoas inocentes irão continuar pagando erros de outras pessoas?
– Será que um curso de MBA é mais importante do que o desespero de várias vidas?
– Em que país vivemos onde policiais invadem um local de trabalho retirando pessoas inocentes de seu leito, praticando uma ação de bandido e não uma ação de policial digno do seu poder?
– Quando teremos igualdade social em um país que sofre exclusão o tempo inteiro? Que isso sem indagação alguma tem um ato de racismo?
Não tenho dúvidas de que se uma pessoa quer viver bem em Rondonópolis de acordo com a Lei a mesma tem que ser ou filho de juiz ou tem que ser um bacana. Basta ter dinheiro, ai sim o comportamento do indivíduo é diferenciado. Já, nós pobres e inocentes, somos tratados como se fossemos um qualquer, como se nós não tivéssemos algum valor moral, valor humano. Fico indignado com esse caso, que sem dúvidas, é o maior caso de injustiça que presencio em minha vida.
Meu nome é Wellington Soares do Amaral, primo do Natalino, sou morador de uma cidade onde bandidos estão soltos nas ruas e inocentes atrás das grades.
E em nome de toda a família e amigos dos dois, agradeço muito a imprensa em geral e a população de Rondonópolis que nesses momentos difíceis estão nos dando força e coragem para seguirmos em frente.

(*) Wellington Soares do Amaral é professor de inglês e estudante

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  1. Quando o juiz recebeu o processo de soltura dos jovens ele deixou para ler depois, pois no dia seguinte estaria viajando para Cuiabá para fazer um curso de MBA.

  2. Tudo isso é muito simples meu caro: o elemento repressor (policial) é treinado pra usar a força, o poder e não o cérebro!!! Mas, se um dos acusados fosse filho do politico A, B ou C… Com certeza já teria resolvido essa questão. E findo essa angustia, acaberá um processo contra o Estado.

  3. Texto muito bom e o drama é lamentável, é também uma pena que tudo isso seja real.

    Só não entendi sua idéia sobre “Será que um curso de MBA é mais importante do que o desespero de várias vidas?”, poderia explicar, por gentileza?

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