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, 19 maio 2024
 
 

A gente se acostuma

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O ser humano é um animal capaz de se adaptar em diferentes situações de clima e por isso a espécie habita quase todo o planeta, independente das intempéries locais. Contudo, a principal capacidade do ser humano em subsistir e evoluir não está nesse seu diferencial, mas sim na sua capacidade de integração e adaptação social, diferente dos outros animais.
Naturalmente, nem tudo o que ocorre conosco é do nosso gosto. Ou dito de outro modo, se pudesse escolher ou definir isoladamente as nossas relações provavelmente teríamos um ambiente diferente para cada humano no planeta. Assim, usando de filosofia rasa, teríamos muitos mundos, cada um a seu modo, o que evidentemente não se sustentaria.
Por isso a sociedade, e naturalmente as pessoas, são flexíveis em suas posições e se adaptam para, desse modo, manter-se em perfeita relação de reciprocidade. Assume sentido a máxima: só não muda de opinião quem não evolui.
Desse arranjo nasce a necessidade de revisão de posicionamentos, como também surge uma questão curiosa do nosso comportamento: a leniência e manutenção de vários aspectos da vida pessoal mesmo que isso não nos agrade.
Na prática, quer dizer que muitas vezes não concordamos ou achamos esdrúxulas muitas questões e situações, mas por um motivo ou outro passamos ao largo e acabamos como sociedade, deixando que ocorra. Se na correria do dia-dia entendemos como normal, se observarmos com atenção, perceberemos que é no mínimo estranha.
Com isso, nos acostumamos as mais diferentes questões. Isso vale para as fundamentais da vida, mas principalmente para as mais simples como, por exemplo, a enxurrada de e-mail’s que recebemos todos os dias. A gente se acostuma a não ficar irritado e apenas apagar ou marcar o remetente como lixo eletrônico.
Neste período eleitoral é particularmente difícil em função das bobagens que circulam sobre os candidatos. Aliás, estou inclinado a acreditar que tem muita empresa onde os colaboradores poderiam trabalhar muito mais. Sobra tempo extraordinário para mandar verdadeiros dossiês dos candidatos, normalmente sem qualquer comprovação.
Embora fiquemos irritados, normalmente ela é insuficiente para esboçar alguma reação significativa, por isso já nos acostumamos também às filas. No supermercado, no banco, nos órgãos públicos, nos hospitais ou mesmo no médico.
A propósito, este é o mais ridículo dos hábitos empulhados aos clientes, ou pacientes como gostam de nos chamar. Acostumamo-nos a esperar pacientemente o médico chegar, muitas vezes atrasado e ainda nos atender irritado, por exemplo.
Neste particular, é interessante que se a hora está marcada e o cliente se atrasa, perde a vaga, mas se o médico perder a hora, o cliente deverá esperar e aguardar o encaixe na agenda. Preciso ser justo: há honrosas exceções.
Também nos acostumamos ao mau atendimento do serviço público. Aliás, mesmo as repartições que possuem atendimento exemplar, que são minoria, têm grande dificuldade para demonstrar que realmente o fazem bem.
Acostumamos-nos a falta de passarelas, a falta de faixa de pedestres e até dos pedestres que não cuidam por onde andam e principalmente dos maus motoristas. Quando um pedestre atravessa a rua, mesmo com o sinal verde para ele, o medo de alguém furar o sinal é grande. Isso quando não é a própria polícia que ignora o sinal, com já vi algumas vezes.
Também nos acostumamos à falta de bons projetos para o destino do terreno do centro. Já estamos quase satisfeitos que finalmente ele terá um destino, mesmo que sejam duas opções burlescas para um lugar nobre como aquele.
Como lugar-comum, o problema de se esperar ou pedir pouco é conseguir pouco. Mas parece que até a isso já nos acostumamos. Não tem nada mais pobre do que a pobreza de espírito e de ideias. Como afirma uma peça publicitária: está na hora de revermos os nossos conceitos.
Boa semana de Gestão & Negócios.

(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É diretor de relações com o mercado do IBG – [email protected]

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