No dia 1º de maio celebramos o Dia do Trabalho, dom e dever recebidos de Deus. Na vida pessoal assumimos o trabalho como instrumento de crescimento pessoal e de serviço ao bem comum de todas as pessoas. Mas nas estruturas sociais, o trabalho é colocado a serviço do capital, numa mais perversa e visível ausência de solidariedade. O trabalho é o centro, tanto na vida de cada pessoa, de cada família, como na organização e funcionamento de toda a sociedade. Ele ocupa a maior parte do tempo e determina, quase sempre, a vida das pessoas. É uma realidade ampla e complexa envolve questões econômicas, políticas, sociais, culturais e antropológicas. Como, então tornar o trabalho dignificante, de forma que através dele cada pessoa possa crescer, ser mais pessoa? É uma questão colocada a todos nós cristãos e cristãs, que não nos acomodemos diante das injustiças geradas pelo sistema vigente. Refletirmos em conjunto, buscarmos alternativas é uma exigência do tempo presente.
Atualmente surge como alternativa, para a humanização do trabalho, a Economia Solidária, que é entendida como uma das mais características formas do cooperativismo, capaz de gerar novas oportunidades de inserção social, permeada pelos valores éticos da honestidade, transparência e responsabilidade social. A Economia Solidária ganhou espaço, nas últimas décadas, junto aos movimentos sociais e instituições religiosas ou não, pela proposta em promover o desenvolvimento social com sustentabilidade e geração de renda.
Em nossa região, a reflexão sobre a economia solidária começou na sede do município de São José do Povo, através da campanha da fraternidade de 2005, que tinha como tema “Solidariedade e Paz”. Dessa reflexão nasceu o grupo “Dando as Mãos”, que tem como objetivo organizar empreendores/as, a partir dos princípios da economia solidária. O trabalho se expandiu e ganhou espaço nos assentamentos e em outros municípios, extrapolando os limites de grupo e assumindo características de organização em rede. Em 2009, a “Dando as Mãos” fundou o fórum de economia solidária em nossa região, com empreendedores das periferias das cidades e de 11 assentamentos de sete municípios: São José do Povo, Rondonópolis, Guiratinga, Poxoréu, Pedra Preta, Juscimeira e Dom Aquino, contando, desde a sua fundação, com o apoio e incentivo das Irmãs Catequistas Franciscanas. Os fóruns de economia solidária são organizações permanentes criadas para melhor desenvolver a reflexão e a prática, através das discussões e articulações.
O fórum de Economia Solidária realizou em 2009 a I Feira de Economia Solidária da região, e em conjunto com a EMPAER, professores e alunos da UFMT, da Diocese de Rondonópolis e com representantes das prefeituras de Pedra Preta, Poxoréu e principalmente de Rondonópolis, o fórum realizou, nos dias 10 e 11 abril, a primeira conferencia de Economia Solidária da Região, com uma expressiva participação de 100 pessoas. Sendo esses 15 representantes do poder público, 42 participantes de entidades de apoio e 43 participantes de empreendimentos da cidade e da zona rural. Foi um bonito momento de participação e construção popular, de onde saiu muitas e ricas proposições para o poder público local e estadual, bem como para a dinamização da caminhada do próprio fórum.
Nós, participantes do fórum e militantes da economia Solidária, temos consciência de que é muito difícil mudar a cultura do “eu” já estabelecida, mais acreditamos que o mais importante é estarmos a caminho, conscientes de estarmos contribuindo com a construção do novo, vivendo e transmitindo a certeza e a esperança de que “aqui um novo mundo é possível, se agente quiser, se a gente fizer”.
Para os interessados em saber mais sobre a Economia Solidária em nossa região, abaixo segue a agenda das atividade para 2010:
Maio, dia 08 e setembro, dia 25: reunião do fórum de economia solidária no salão de reunião das Irmãs Catequistas Franciscanas, na Avenida Frei Servácio, 354.
Setembro, dias 09, 10 e 11: II FECOSOL, II Feira de Economia Solidária da Região Sul do Estado de Mato Grosso.
Para maiores informações pode se entrar em contato através dos telefones (66) 9951 7967 ou (66) 9647 5830, como também pelo e-mail [email protected].
(*) Irmã Elizabete Maria da Silva, ICF, coordenadora do Programa de Economia Solidária das Irmãs Catequistas Franciscanas
