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Arámos no mar (I/II)

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Os paradoxos bolivarianos numa América Latina dividida

Arámos no mar, com estas palavras de Simón Bolívar deixava transparecer sua frustração após anos de luta pela independência de uma região investida por guerra e desordem. O pan-americanismo caiu em desuso depois de tentativas inócuas por parte do Libertador no sentido de estabelecer os congressos continentais de 1819 e 1826. Só mais tarde, no início do século XXI, a vocação latino-americanista seria rebatizada “integração regional” e corporizada em blocos econômicos como a da Comunidade Andina (Bolívia, Colômbia, Equador e Peru), do Pacto Amazônico (Equador, Colômbia e Venezuela) e o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e recentemente a Venezuela). Blocos, manifestamente, agonizam sob os golpes provocados por supostos defensores dos ideais Bolivarianos.
A exemplo disso, enquanto que a Comunidade europeia dá lugar a um processo de convergência, do qual os países europeus tendem a assemelhar-se cada vez mais entre si sob o ponto de vista do desenvolvimento econômico e qualidade institucional, na América Latina por sua vez se verifica o contrário. Com efeito, alguns países consolidam os seus regimes democráticos, outros, no entanto, predominam na pobreza, analfabetismo e na violência.
Certamente que nos próximos anos se acentue esta tendência para a dispersão, destacando-se três grupos: o pequeno será constituído por um conjunto de nações bem sucedidas; outro, maior, reunirá aqueles com desempenho instável e destino incerto; finalmente, um terceiro incluirá as sociedades mais pobres e os estados fracassados.
Em estudo recente realizado antes do colapso Argentino (2001), a CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina apontava para dois cenários futuros. O primeiro, um tanto mais otimista acreditava que 16 dos 18 países latino-americanos poderiam chegar a reduzir a pobreza pela metade em 2015. O outro, por sua vez, realista e baseado em tendências históricas, previa que apenas sete conseguiriam cumprir a meta, já os restantes veriam os seus níveis de pobreza reduzir muito lentamente ou até aumentar. Argentina e o Uruguai seriam os Estados mais promissores; atualmente, estas nações deveriam incluir-se na lista dos que em 2015 terão perdido mais uma década de desenvolvimento.
Os países menores da América Latina são aqueles cujos PIB (Produto Interno Bruto) e de IDH – Índice de Desenvolvimento Humano que se aproximam mais dos níveis da África subsaariana que dos seus vizinhos, cuja pobreza somada à violência, corrupção e a incapacidade do Estado de manter a ordem pública, são os piores males. Só para exemplificar o Haiti (antes do terremoto), a Bolívia, a Nicarágua e outros países da América Central também apresentam conjuntura desanimadora. A Colômbia poderia ser incluída neste grupo, menos pelo desempenho econômico, sobretudo, de sua incapacidade para impor a lei no seu território. Uma vez superados estes obstáculos relativos ao narcotráfico, provavelmente, os colombianos estarão em condições de avançar rapidamente em direção ao desenvolvimento.

(*) Ney Iared Reynaldo, doutor em História da América Latina, docente do Departamento de História/ICHS/CUR/UFMT e Coordenador do Núcleo de Estudos e Atividades da Terceira Idade. E-mail: [email protected]

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