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Gramática e ensino

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É certo que as reflexões sobre o ensino de Língua Portuguesa levam qualquer professor a andar em círculos. Em meio a tantas teorias, estudos e propensas soluções pedagógicas, brota-se uma incrível sensação de insegurança. O ponto de partida para os problemas em torno do ensino de língua é a gramática. Como ela é vista e como ela é utilizada pelos professores na prática do ensino é o centro das discussões. Como falar, então, de um assunto tão complexo? Segundo Neves (2003, p. 17): “sabemos que é difícil fixar o que, particularmente, deva constituir a disciplina gramática”. Por isso, só há um caminho a seguir: há que se fixar um olho na atual forma de ensino e outro nas volumosas teorias sobre esse mesmo ponto.

Os lingüistas têm papel importante na crise, pois são os principais opositores de uma única gramática – a normativa – ser trabalhada nas escolas. Como se sabe, outras concepções de gramática existem (Descritiva e internalizada) e supostamente não são usadas, pelo menos é o que sugere Travaglia (1998, p.32): “a gramática normativa é o tipo de gramática a que mais se refere tradicionalmente na escola e, quase sempre, quando os professores falam em ensino de gramática, por força da tradição ou por desconhecimento da existência de outros tipos”.

… Porém, o nível lingüístico dos alunos em produções formais da escrita denota que, talvez, o trabalho com a norma culta fora colocado em segundo plano e que as orientações e os estudos nas áreas da lingüística ganharam força entre os professores. Como dissera antes, os lingüistas refutam um ensino, no qual se contemple apenas uma concepção de gramática. Não se vê, portanto, a orientação para se negar a gramática normativa, mas sim a de que ela conviva com outros tipos de gramática. Entretanto, até que ponto isso é compreendido pelos atuais professores? Às vezes, dá se a impressão de que a gramática normativa é a grande vilã na vida do estudante. Vê se então, que a forma como se tem trabalho a disciplina Língua Portuguesa não tem propiciado bons resultados. Conforme Oliveira e Durigan (2004 p.1): “muitos alunos chegam à universidade com muita dificuldade para construir um texto ou uma resposta clara, objetiva, às mais simples questões”.

Não se pode negar que a Lingüística, se bem assimilada, pode resultar em ótimas propostas para se trabalhar o ensino da língua, porém, é igualmente inegável que, no afã de atender aos novos propósitos sobre o ensino, os professores, em geral, maravilhados diante de tantas teorias democratizadoras “afrouxaram”, em muito, atenção em relação ao aproveitamento da gramática normativa. Consoante Oliveira e Durigan (2004, p.37): “a falta de domínio das normas que regem a língua escrita deve-se, até certo ponto, a um equívoco da pedagogia de hoje, que ancorada num construtivismo mal compreendido, entende que é proibido corrigir, porque traumatiza”. Essa compreensão é grave, pois a norma culta, embora com restrições, é tida como um dos instrumentos de ascensão social. Por isso, há que se planejar um ensino sem populismo, sem ter a gramática tradicional como “uma pedra no sapato”, pois de acordo com Neves (2003, p.23) “não podemos perder de vista o peso e a importância da gramática escolar na condução da reflexão sobre a linguagem dos indivíduos”.

(*) João Luiz Hellrigl é professor licenciado em Letras pela UFMT – [email protected]

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