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“Pais maus” e “políticos maus”

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Somente eles podem mudar, para melhor, o destino da sociedade

Pais maus. Pais que não dão a liberdade que seus filhos desejam. Pais que não deixam seus filhos saírem de casa acompanhados por estranhos. Pais que exigem boas notas e fazem seus filhos perderem o futebol aos finais de semana para que seja concluída a lição de casa. Devido a estas e outras atitudes, cujo objetivo é garantir a integridade e o melhor para o filho, que o pai é caracterizado como mau aos olhos de sua prole. Os filhos esperam melhores atitudes de seus pais, não entendendo porque as atitudes julgadas más por eles são tidas como as melhores pelos seus pais maus.

O filho que julga ter um pai mau adoraria a idéia de poder escolher seu pai como são escolhidos os representantes públicos, isto é, pelo voto direto. Dessa forma, as atitudes (promessas) dos pais bons, de não impor as regras utilizadas pelos pais maus na educação dos filhos, certamente, numa disputa democrática, conquistaria a maioria dos votos.

Na política, os filhos têm a condição de decidir quais políticos guiarão seus destinos. Portanto, como na maioria das vezes são escolhidos políticos bons, a sociedade deve possuir uma saúde pública de qualidade, há infra-estrutura (iluminação, asfalto, água tratada) em todos os bairros, a satisfação social e a eficiência dos serviços públicos estão presentes em todos os lugares. Na prática, no entanto, isso não acontece e a população não consegue encontrar o motivo do insucesso dos políticos bons em suas empreitadas. Essa dificuldade é a mesma que o filho tem para entender as atitudes de um pai mau, cuja resposta está explícita na falta de conhecimento do filho e da sociedade em relação à educação e às políticas públicas, respectivamente.

A educação dos filhos e os serviços públicos são análogos quanto ao resultado, sendo a sociedade a principal beneficiária do legado dos pais e políticos. Dessa maneira, enquanto os pais e os políticos maus promovem os melhores resultados à sociedade, os pais e políticos bons prestam o desserviço de agradarem aos seus filhos e eleitores, mesmo sabendo que o resultado de suas atitudes será o oposto daquilo que eles esperam.

A ações empregadas pelos políticos bons têm a característica de trazer uma de sensação de bem-estar social a curto prazo. No entanto, a longo prazo, a população será submetida aos seus dissabores. As melhorias substanciais ao desenvolvimento social, como a qualificação da mão-de-obra, geração de emprego e renda e melhorias na saúde pública ficam comprometidas em detrimento do envio de recursos para áreas com maior retorno político, que, por sua vez, possui o propósito apenas de alienar as pessoas por meio de migalhas e da submissão política.

Neste contexto, faz-se indispensável aludir à frase de um dos mais célebres economistas da história, Karl Marx: o caminho do inferno está pavimentado de boas intenções. Esta frase nos remete às políticas assistencialistas e repletas de boas intenções que acometem à combalida sociedade latina americana, a qual possui um histórico indesejado de políticos bons. A atitude de nacionalizar as riquezas para dar ao povo o que é do povo é louvável. Mas, afinal, o que é do povo? E o que é bom para o povo? A estas perguntas as boas intenções ainda não foram capazes de responder.

Para que o setor público não pese e ofereça qualidade de vida às pessoas, os políticos terão que assumir o ônus de administrar para o crescimento e desenvolvimento econômico, assim como os pais maus assumem o ônus da incompreensão de seus filhos. Por conseguinte, todos aprenderão que o peixe pescado pela sociedade alimentará um número maior de pessoas e não exigirá, em contrapartida, a manutenção de parte dela no estado de penúria.

Dessa forma, blindar a sociedade dos contos de fadas proferidas por políticos bons é o primeiro passo para torná-la mais equânime. Ou seja, a educação dos filhos é o único meio de tirar uma sociedade do estado calamitoso da miséria e dos favores políticos, pois educação e desenvolvimento estão numa relação direta de causalidade, logo, precisaremos de mais pais e político maus.

A supracitada gestão dos políticos bons poderá até tocar no âmago de alguns eleitores da nossa cidade, quem sabe fazer com que eles reavaliem suas decisões. Tudo normal até então, pois toda decisão é acompanhada de certo grau de ceticismo enquanto o resultado esperado não se concretiza. No entanto, torcemos que a substituição do atual político mau de Rondonópolis tenha sido a decisão correta. Para isso, no entanto, o futuro prefeito terá que adotar medidas condizentes a de um político mau, assumindo, assim, o ônus político de administrar para o desenvolvimento econômico e social da cidade. Todavia, caso sejam adotadas medidas assistencialistas pela próxima gestão, mais uma vez a sociedade será penalizada pelas “bondades” de seus políticos bons.

Como amante da política e admirador das pessoas que trabalham de maneira honesta dentro dela, espero que Rondonópolis continue no caminho certo, no caminho do desenvolvimento e da verdadeira valorização do ser humano.

Aproveitando o espaço gostaria de desejar a todos um ótimo 2009. E para os filhos que julgaram como más as atitudes de seus pais, reflitam um pouco, pois certamente as atitudes más de seus pais hoje serão as que edificarão homens de caráter no futuro.

(*) Marcos Tanganelli é pai, morador de Rondonópolis e economista

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