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, 10 maio 2024
 
 

Diabetes tipo 2 na infância

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O diabetes tipo 2 (DM2) na infância é uma doença que emergiu nas últimas décadas. Antigamente, praticamente todas as crianças com diabetes apresentavam o tipo 1 (DM1), que ocorre pela destruição autoimune das células pancreáticas que produzem insulina. Com o aumento da prevalência de obesidade nesta faixa etária, começaram a aparecer cada vez mais casos de DM2, causado pela combinação de resistência à insulina e insuficiência pancreática. A resistência à insulina aparece no contexto da síndrome metabólica, também caracterizada pela presença de hipertensão e dislipidemia, predispondo os jovens às doenças cardiovasculares de maneira cada vez mais precoce.

Assim como em adultos, a resistência à insulina na infância está relacionada ao acúmulo de tecido adiposo hepático, muscular e visceral. No tecido adiposo visceral, a lipólise acentuada libera grande quantidade de ácidos graxos livres, cujo aumento na circulação leva a menor captação de glicose pelos tecidos. Nos adolescentes, a sensibilidade à insulina encontra-se adicionalmente prejudicada pela ação de hormônios da puberdade, como o hormônio do crescimento (GH), que atua como contrarregulador da insulina1.

A susceptibilidade ao DM2 está relacionada a fatores genéticos, sendo que a história familiar da doença está presente em até 90% dos jovens com este diagnóstico3. Entretanto, aspectos relacionados ao estilo de vida são determinantes para o desenvolvimento da doença. Sedentarismo e dietas ricas em gorduras saturadas e pobres em fibras podem contribuir para a resistência à insulina na infância1.
Delahanty et al. (2013) analisaram o consumo alimentar de 699 crianças e adolescentes norte-americanos de 10 a 17 anos com DM2. O consumo de gordura saturada de 99% dos jovens excedia a recomendação da American Diabetes Association, que preconiza menos de 7% das calorias da dieta advindas deste tipo de gordura. Além disso, comparado ao guia alimentar norte-americano (Healthy People 2010), apenas 11% e 5% alcançavam a recomendação de frutas e hortaliças, respectivamente.

O tratamento do DM2 envolve a adequação da dieta e o estímulo à prática regular de atividade física, além de mudanças comportamentais como a diminuição do tempo em frente a equipamentos com tela, incluindo televisão, videogame e computador. A metformina, medicamento que diminui a produção hepática de glicose e aumenta sua captação em tecidos periféricos, principalmente no músculo e no tecido adiposo, também vem sendo utilizada com segurança em crianças a partir dos 10 anos de idade. O tratamento com insulina pode ser necessário para conseguir um bom controle glicêmico.

O estudo Today (2012) foi um grande ensaio clínico aleatorizado que comparou o tratamento com exclusivo com metformina à sua combinação com rosiglitazona ou com intervenção comportamental intensiva. Este trabalho revelou a dificuldade em manter o controle glicêmico dos jovens em longo prazo e de alcançar a perda de peso. Ainda, as taxas de complicações metabólicas como hipertensão e dislipidemia já eram muito altas mesmo depois de poucos meses do diagnóstico.

Por ser uma condição crônica cujo controle efetivo não é facilmente alcançado, ameaçando o futuro dos jovens, a prevenção torna-se essencial. Para isso, são necessários grandes investimentos na promoção da alimentação saudável e da atividade física, envolvendo as crianças, as famílias, as escolas, os profissionais da saúde, o governo e toda a sociedade.

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