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Transtornos alimentares na adolescência

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Mulher se olhando no espelho - corA adolescência é o período mais intenso da vida, envolvendo grandes mudanças físicas, sociais e emocionais. As modificações corporais avançam rapidamente, transformando o corpo da criança em um corpo adulto. Nesta fase, a insatisfação com o corpo, aliada aos valores da sociedade e da mídia que pregam a busca pela magreza, pode ser um fator crítico no desenvolvimento de um transtorno alimentar. Na etiologia de um transtorno alimentar podem ainda estar envolvidos fatores genéticos, biológicos (alteração nos níveis cerebrais de dopamina e serotonina), ambientais (abuso sexual, dinâmica familiar disfuncional) e psicológicos (perfeccionismo excessivo, baixa autoestima).

Em populações com idade entre 13 e 18 anos, as prevalências de anorexia nervosa (AN) e de bulimia nervosa (BN) são em torno de 0,3 e 0,9%, respectivamente. Na AN, ocorre uma perda excessiva de peso corporal, acompanhada de um medo intenso de engordar, alteração na percepção da forma corporal e amenorreia (ausência de menstruação). Quando além destas características são utilizadas práticas como vômitos autoinduzidos, diuréticos, laxantes ou enemas, classifica-se como AN subtipo purgativo. Na ausência de medidas purgativas, a AN é classificada como subtipo restritivo.

Na BN, o peso corporal está dentro dos valores normais ou mesmo um pouco acima. Este transtorno é caracterizado por episódios de consumo compulsivo (ingestão de uma quantidade maior do que a maioria das pessoas comeria na mesma circunstância e tempo), com sentimento de perda de controle, em média duas vezes por semana em um período maior do que três meses. Estes são seguidos por medidas compensatórias incluindo a prática de vômito autoinduzido ou uso de laxante, diuréticos ou enemas (subtipo purgativo) ou por jejuns ou exercícios físicos excessivos, porém sem práticas purgativas (subtipo não purgativo).

A AN pode acarretar em hipotensão, bradicardia, hipotermia hipocalemia, hiponatremia, anemia, leucopenia, neutropenia, perda de massa óssea e inclusive levar à morte. Na BN, as complicações físicas não se apresentam com tanta frequência, mas os vômitos frequentes podem implicar em distúrbios eletrolíticos, erosão dental, inchaço da glândula parótida e na presença do “sinal de Russell”, caracterizado pelas lesões no dorso da mão decorrentes de seu uso para indução do vômito.

É importante que o nutricionista esteja ciente das características dos transtornos alimentares e da necessidade de abordar o adolescente em conjunto à equipe multidisciplinar, incluindo pediatra ou nutrólogo, psicólogo e psiquiatra. As estratégias terapêuticas podem diferir, mas as metas de uma forma geral incluem a realimentação adequada dos jovens com AN e a melhora da função psicossocial na AN e na BN4. No tratamento psicológico, a terapia cognitivo comportamental (TCC) é utilizada com sucesso em adultos e pode ser adaptada para adolescentes, inserindo o envolvimento dos pais5. Em uma série de casos de 34 pacientes com BN com idade entre 12 e 18 anos, Lock (2005) encontrou que, após 16 sessões de TCC, os episódios de comer compulsivo e purgação diminuíram 78% e que 56% dos adolescentes deixaram de apresentar estes comportamentos. Outras abordagens podem ser utilizadas, como a técnica psicodinâmica, fundamentada na teoria psicanalítica.

Herpertz-Dahlmann (2009) afirma que o primeiro passo é o reconhecimento pelo adolescente de seu transtorno alimentar e os problemas psicológicos que o permeiam. Tanto ele como a família devem ser informados sobre as consequências e riscos à saúde, e as opções terapêuticas devem ser discutidas em detalhe. Uma relação de confiança, sem julgamentos, entre todos os profissionais da equipe de saúde e o paciente é necessária para o sucesso do tratamento.

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