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Sem entender o óbvio

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Eleri _UExistem rankings para todos os gostos. Dos mais esdrúxulos até os muito úteis. Para isso há universidades, institutos, revistas e sites especializados empenhados em cria-los, nas mais diferentes modalidades.
Como disse, há os que nos fazem pensar, mas antes de sair por aí distribuindo os resultados nas redes sociais, tendo-os como finitos e definitivos, é fundamental saber das suas metodologias para não compartilhar algo que ao ser olhado de perto, não tem lá essa importância ou segurança que desejamos.
Na semana passada, o Instituto Abramundo (abramundo.com.br) publicou uma pesquisa ampla que entra no rol das interessantes, e retrata um pouco do nosso analfabetismo funcional e de como a sociedade brasileira ainda não domina aspectos elementares das diversas ciências básicas, utilizadas no cotidiano.
A pesquisa utilizou o Índice de Letramento Científico, desenvolvido pelo Abramundo em parceria com o Ibope Inteligência e um resumo é possível encontrar no site de negócios de um grande grupo de mídia brasileiro.
Além das dificuldades gerais da população, o estudo revelou também as dificuldades básicas dos gestores/chefes (um pouco mais da metade) para analisar e interpretar gráficos e tabelas que tenham algum nível de complexidade.
A pesquisa detalha e estratifica em quatro níveis (básico, rudimentar, intermediário e proficiente), inclusive por profissão, cargo e setor, mas é possível perceber imediatamente o tamanho do problema brasileiro, apenas com alguns exemplos gerais que replico aqui.
Mesmo considerando que praticamente todos os laboratórios oferecem dados referenciais nas análises (normalmente uma tabela ao lado dos dados do paciente), 55% dos entrevistados não conseguem compreender os seus resultados num exame de sangue simples.
A matemática (mesmo as simples quatro operações) ainda consiste num grande problema. Dado que, também 55% dos entrevistados não consegue fazer as contas de quanto é necessário colocar de combustível para percorrer uma determinada distância, ou quanto o veículo consome por quilômetro rodado.
Pesquisas simples que deveriam ser rotineiras ainda são barreiras significativas, não apenas de busca, mas principalmente de interpretação. Assim, para 37% dos entrevistados, buscar informações no Google sobre temas relacionados à saúde ou medicamentos é uma missão difícil.
Um dado interessante sobre análises, utilizando representação gráfica nas diferentes mídias, também emergiu da pesquisa, uma vez que ficou evidente que 43% dos entrevistados não conseguem entender imediatamente as tabelas e gráficos utilizados em muitas reportagens, principalmente as de economia.
Essa diferente abordagem fica evidente ao analisarmos as reportagens dos canais fechados e os abertos. O nível de detalhamento e de informação é muito superior no primeiro em comparação ao segundo público. No primeiro é amplo e detalhado. No segundo é resumido e raso.
Muitas outras dificuldades ficaram evidentes na pesquisa, como por exemplo, que 36% apresentam grande dificuldade em seguir as instruções do extintor para combater um pequeno incêndio. Complementando a dificuldade de interpretação e de seguir processos, 26% dos entrevistados afirmam que seguir os manuais de aparelhos domésticos é complicado.
Entender, se a conta de consumo de energia elétrica está correta ou não já é um desafio quase inalcançável para 26% do total de entrevistados ou mesmo ler uma bula de remédio e entender as contraindicações do medicamento é uma missão complicada para 24% delas.
Todas essas questões nos auxiliam a entender um pouco melhor porque, por exemplo, a insistência no baixo nível dos programas de rádio e televisão, e mesmo assim são capazes de apresentar elevados índices de audiência, dentre outros casos.
Pelo lado bom, há muito espaço para melhorarmos os níveis educacionais. Temos muito trabalho pela frente para que não seja mais necessário simplificar as informações ao máximo, tornando-as de complexidade rasa e rudimentar para que sejam compreendidas.
Boa semana de Gestão & Negócios.

(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É professor do IBG, workshopper e palestrante – [email protected]

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