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Rondonópolis
, 19 maio 2024
 
 

Registrando os principais acontecimentos da cidade

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A série de reportagens do Jornal A TRIBUNA contando um pouco da história dos pioneiros de Rondonópolis segue neste domingo com uma entrevista com o radialista Paulo Jorge, um dos profissionais mais antigos em atuação na imprensa local. Apesar de não ter chegado nos primórdios do município, o radialista tem uma longa trajetória na imprensa rondonopolitana, tendo registrado os principais acontecimentos da cidade nas últimas décadas, especialmente na política e nos esportes. Confira:


Paulo Jorge: “Tudo que aprendi, todo o reconhecimento que tenho, os bons amigos que fiz, e são muitos, tudo isso eu devo a Rondonópolis” – Foto: Denilson Paredes

O radialista Paulo Jorge Mangueira de Souza, o popular Paulo Jorge, repórter da Rádio Clube, é uma das figuras mais conhecidas e carismáticas da imprensa local. Prestes a completar 56 anos, mas trabalhando em rádios desde os 18 anos, ele tem muita história para contar ao longo da profissão.
Nascido em Gameleira de Irecê, na Bahia, Paulo Jorge rodou por vários estados do País antes de chegar em Rondonópolis, aos 15 anos de idade, no ano de 1977. Aqui casou, teve seus seis filhos, sendo um casal de filhos frutos do seu casamento e os demais de relações anteriores, construiu uma bela carreira no rádio e um grande círculo de amizades.
Nos primeiros anos aqui, ele se lembra que vendia frutas com o pai para ajudar no sustento da família, atividade que exerceu por alguns anos, até ficar sabendo de uma seleção para treinamento de sonoplasta na Rádio Juventude. “Eu trabalhei muito ali na antiga feira que funcionava na Praça dos Carreiros. Vendi muita fruta ali. E eu sempre gostei muito de rádio e do Botafogo. Eu ouvia muito os programas de rádio, principalmente do Rio de Janeiro, para saber notícias do meu time, do futebol nacional. Eu tinha um radinho verde que ficava sempre comigo aonde eu ia. Aí, já em 1980, tive a oportunidade de realizar um sonho e comecei a fazer parte de uma equipe de rádio”, conta.
Assim que soube da seleção na rádio, que queria treinar sonoplastas para a Rádio Amorim FM, a primeira estação de FM da cidade, ele mais que prontamente se candidatou e está até hoje atuando na área. “Eu fui com meu amigo Vilmar Ferreira, que também foi selecionado. Nessa mesma seleção estavam grandes nomes do rádio local, como o João Gomes, o Joãozinho Perfeitinho, o Adilson Pinheiro e muitos outros. Aí cada um foi seguindo o seu caminho, mas foi nesse teste que começaram todos eles e outros, mas nem todos ficaram no rádio”, disse.
Ele ainda se lembra das dificuldades para aprender a operar as antigas mesas de som das rádios, com enormes rolos de fita cassete, os enormes discos de vinil. “Era tudo muito complicado para gente. Mas nós todos já gostávamos de rádio e aos poucos fomos nos encaixando. Aí, como a rádio FM demorou a inaugurar, o que só aconteceu em 1981, quando ela inaugurou nós já éramos todos craques e, nesse período de treinamento, eu já fui me interessando e começando a ajudar em outras funções e já fazia reportagens de campo, ajudava na redação de esporte. Foi aí que comecei a conhecer o jornalismo… E estou até hoje”, emendou.

Na foto, o repórter Paulo Jorge entrevista o ex-presidente José Sarney, quando o mesmo esteve em Rondonópolis. Ao fundo, pode se ver o ex-governador Júlio Campos e o hoje senador Wellington Fagundes – Foto: Arquivo Pessoal

Nessa foto, ele entrevista o senador Jader Barbalho, tendo ao fundo o ex-governador e deputado federal Carlos Bezerra – Foto: Arquivo Pessoal

Na Amorim FM, ele ficou menos de um ano, pois nesse ínterim a concorrente Rádio Clube AM, que na época ensaiava se tornar uma potência na área da comunicação, contratou vários locutores da Rádio Juventude, como João Gomes, o falecido e saudoso Antônio Carlos Rocha Filho e Sebastião Castilho, o que lhe abriu a oportunidade de retornar para a Rádio Juventude, onde assumiu a redação de esportes, tendo ficado na função até 1985, quando foi contratado pela Clube para exercer as mesmas funções, onde acabou se destacando e onde permanece até hoje.
Sobre esse seu primeiro período na rádio, ele se lembra que o veículo de comunicação tinha uma importância muito maior na vida das pessoas, que dependiam muito do mesmo para se comunicar. “Os tempos são outros. Quando a cidade era menor, a rádio era mais importante. Agora, com a cidade grande, a coisa foi mudando. A rádio tinha uma audiência absurda em outras épocas, porque as pessoas já estavam acostumadas a ouvir cada um o seu programa”, lembra.
“E tínhamos grandes locutores na época, como o Clóvis Roberto (Balsalobre de Queiroz, já falecido e um dos maiores comunicadores do Estado), o Antônio Carlos, que apresentou um programa musical chamado Balancê, que recebia diariamente centenas de cartas. Nessa época, tínhamos o Luiz Fernando de Campos (já falecido), com quem eu trabalhei, um grande comunicador. Orestes Miraglia, Aparecido Neto, o Saul Feliz, e muitos outros…. O rádio tinha muito mais força que a televisão naquela época”, analisou.
Com o passar dos tempos, as rádios AM foram perdendo espaço para as FMs e para a TV, até o surgimento das mídias sociais, que lhe tirou mais um pouco do seu público, principalmente entre os mais jovens. “Para se ter uma ideia da força que o rádio tinha nessa época, eu não me lembro agora em que ano foi, mas o Lar dos Idosos estava precisando de um veículo. Aí, a Rádio Clube decidiu dar um veículo, uma Kombi zero quilômetro, para o Lar dos Idosos. Em uma semana de campanha na rádio, pedindo contribuições para a população, nós conseguimos comprar a Kombi e entregar para eles. Isso sem contar as arrecadações que fazíamos para tratamento de ouvintes que tinham doenças graves. A cobertura das eleições, que era tudo manual e demorava muito, até dez dias dependendo da eleição, era um outro sucesso absoluto. Hoje mudou… E por que mudou? Porque na época tínhamos praticamente só a rádio. Hoje temos várias outras mídias e o rádio não conseguiu dar o ‘salto’ para ficar mais junto das pessoas. Mas ainda temos nosso público fiel, que não é pequeno”, afiança.
Sobre a cidade que adotou, Paulo Jorge diz ter saudade da época em que tudo funcionava mais lentamente, de quando as pessoas tinham mais tempo para uma conversa, para uma partida de futebol com os amigos. “O que eu tenho saudade é de conhecer a cidade toda, as pessoas pelo nome. Hoje – olha que trabalho na rua – eu ando pela cidade e tem bairros inteiros que eu não conheço. A cidade está virando uma metrópole! Eu tenho saudade do Poeirinha (antigo cinema da cidade), onde a gente ia assistir os filmes, da praça que a gente ia de tarde caminhar e encontrar as pessoas, dos campinhos de futebol que existiam nos bairros. Das amizades mais sinceras. Isso dá saudade. Hoje ela é mais desumana, a concorrência faz isso com as pessoas, a correria do dia-a-dia”, diz, com certo ar de tristeza no semblante.
Sobre a cidade de hoje, ele se diz impressionado com o tanto que ela cresceu e critica os problemas que enxerga, como o trânsito caótico. “Esse é o preço que temos que pagar. Rondonópolis sempre foi uma cidade de muito potencial e ela comprovou isso e cresceu muito mesmo. Ela sempre esteve à frente dos outros municípios e sempre teve muitas oportunidades para quem soube investir em sua área. Tanto é que muita gente veio para cá sem anda e conseguiu construir sua fortuna aqui. E ainda tem muito para dar, ela ainda vai crescer muito… Mas é aquilo: quando a cidade cresce, crescem junto os problemas. Rondonópolis é hoje uma cidade muito perigosa, a droga se espalhou demais, o que não é um problema só nosso. Somos a oitava cidade que mais tem pessoas com Aids no País, proporcionalmente. Se os administradores, a classe política tivesse trabalhado melhor, ela poderia estar muito mais na frente”, afirma, de pronto.
Hoje, ele atua como repórter de rua da Clube e comentarista de esportes, mas já ensaia a sua aposentadoria definitiva dos microfones e planeja se mudar para Cuiabá, por questões familiares, possivelmente no início do próximo mês de abril. “Rondonópolis, com toda sinceridade, mora no meu coração. Tudo que aprendi, todo o reconhecimento que tenho, os bons amigos que fiz, e são muitos, tudo isso eu devo a Rondonópolis. Vou embora daqui com dor no coração, pois se dependesse só de mim, eu jamais deixaria essa cidade, que é minha cidade de coração. Ela sempre vai morar no meu coração e um pedaço de mim, o melhor pedaço, que é minha história e meu trabalho, ficam aqui”, concluiu.

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