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, 19 maio 2024
 
 

Nadaf detalha esquema de corrupção no governo Silval

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Ex-secretário de MT, que fez delação, diz que metade de R$ 31 milhões pagos por desapropriação de um terreno em Cuiabá foi desviada

Pedro Nadaf confessa esquema1 - 28-09-16
Pedro Nadaf prestou depoimento ontem à juíza Selma Arruda – Foto: Arquivo

Em depoimento prestado ontem (4) à juíza Selma Arruda, da  Vara Contra o Crime Organizado da Capital, o ex-secretário de estado Pedro Nadaf afirmou que 50% dos R$ 31 milhões pagos pelo governo de Mato Grosso pela desapropriação de um terreno em Cuiabá foram desviados. Nadaf, que comandou as secretarias de Indústria e Comércio e da Casa Civil na gestão Silval Barbosa (PMDB), foi beneficiado com o acordo de delação premiada, que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolver pessoas com foro privilegiado.
Conforme Nadaf, Silval tinha um compromisso financeiro com o empresário Valdir Piran e precisava saldar essa dívida. Ele  relatou que o empresário chegou a tentar agredir Silval com uma cadeira por conta do não pagamento desta dívida e pelo fato de o ex-governador ter lhe passado um cheque sem fundos. Eis que o então procurador do estado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, disse que tinha uma área para ser desapropriada e que, inclusive, a indenização já havia transitado na Justiça. A negociação do retorno da metade do valor pago pela desapropriação da área, de acordo com  Nadaf, já tinha sido feita por Chico Lima com o dono da propriedade. “Chico Lima disse que já havia conversado com o proprietário e que 50% do valor a ser pago de indenização retornaria para o estado”, pontuou.
Definido o plano para levantar o dinheiro, Nadaf contou ter acertado com o então secretário de Fazenda do Estado, Marcel de Cursi, a disponibilidade financeira e com o então secretário estadual de Planejamento, Arnaldo Alves, como o estado iria pagar a desapropriação.
Já à época, o presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), Afonso Dalberto, tinha ficado responsável pela regularização do processo de desapropriação, e Chico Lima pelos trâmites burocráticos necessários, enquanto Nadaf iria ajudar na viabilidade financeira para a concretização de todo o plano. Foi identificado que o estado poderia pagar em sete vezes. Desse montante desviado, R$ 10 milhões foram usados para o pagamento da dívida com Piran e o restante seria dividido entre aqueles que participaram do esquema.
Ele explicou que, com o dinheiro proveniente do esquema, honrava alguns compromissos feitos pelo ex-governador Silval Barbosa. Citou, como exemplo, o pagamento de R$ 950 mil ao buffet Leila Malouf, R$ 200 mil ao jornalista Antônio Milas, que já foi preso por suspeita de extorsão, R$ 700 mil à ex-deputada Luciane Bezerra (PSB). A dívida de Silval com a ex-deputada, que hoje é prefeita de Juara, era de R$ 1 milhão, mas, segundo o ex-secretário, ele pagou parte dela.
Sobre o envolvimento do ex-presidente da Companhia de Mineração de Mato Grosso (Metamat) no esquema, João Justino Paes de Barros, que também prestou depoimento à 7ª Vara Criminal de Cuiabá, ontem, o ex-secretário explicou que já mantinha relação com ele e que intermediou uma conversa com ele para ajudar Cursi, que precisava trocar alguns cheques da mulher dele. Nadaf disse que Justino fazia negócios para ele.
Ele disse que Justino aceitou levar o dinheiro dele para comprar ouro, porque comprava com 30% de deságio. “Na época, tinha aproximadamente 6 mil garimpeiros atuando em Peixoto de Azevedo e o estado tinha uma companhia lá, um escritório da Metamat. Então, eu passava recursos para o Justino e ele trazia o ouro e eu vendia. Lucrei uns R$ 200 mil”, contou.
Entretanto, ele afirmou que não sabe precisar o valor da propina para o restante do grupo. Segundo Nadaf, o então governador tinha conhecimento de toda a transação que foi feita.
CONFISSÃO
Em depoimento prestado no mês passado, Silval Barbosa confessou ter pago essa dívida pessoal de R$ 10 milhões com dinheiro público desviado por meio da desapropriação do terreno. Ele disse que, na organização, Nadaf teria a responsabilidade de executar a desapropriação e dividir os “retornos” com os secretários envolvidos nesse processo, bem como por repassar o dinheiro para Valdir Piran.


Ex-presidente da Metamat também presta depoimento

O ex-presidente da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), João Justino Paes de Barros, reafirmou que utilizava um avião fretado da empresa aérea “Abelha” para ir até Peixoto de Azevedo comprar barras de ouro para os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf e Marcel De Cursi.

João Justino é um dos delatores da Operação Sodoma 4, deflagrada em setembro de 2016. Ele prestou depoimento na tarde  de ontem (04), à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, titular da ação penal.

O dinheiro utilizado na compra, segundo o delator,  foi obtido por meio da propina recebida em um esquema de desapropriação da área conhecida como Jardim Liberdade, em Cuiabá, no governo do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que teria lucrado R$ 15,8 milhões.

Cursi está preso desde setembro de 2015 no Centro de Custódia de Cuiabá. Já Nadaf conseguiu liberdade com uso de tornozeleira eletrônica na mesma época da deflagração da 4ª fase da operação, após confessar seus crimes.

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