O entrevistado de hoje na série de reportagens especiais com pioneiros de Rondonópolis é o farmacêutico aposentado Elzio Borges Leal, atualmente com 89 anos, que abriu a primeira farmácia devidamente legalizada no município. Muito atuante na história local, ele deu sua contribuição nas mais diversas áreas: na política, no esporte, no comércio, na prestação de serviços, na saúde, na cultura/lazer e social. “Fiz o máximo que pude por Rondonópolis”, atesta. Confira um pouco da história desse pioneiro.
Em 10 de dezembro de 1955, Elzio Borges Leal abriu, em sociedade com os irmãos Nelson e Cândido Borges Leal (Candinho), a Farmácia Santa Terezinha, que se figurou como a primeira farmácia legalizada de Rondonópolis. A partir da sua instalação na cidade, ele passou a se envolver em outras áreas, com participação no esporte amador, na política e também na vida social, se tornando uma das figuras marcantes da história local.
Hoje farmacêutico aposentado, Elzio nasceu em São Manoel (SP) em 17 de março de 1928. Casou em 1952 em Heloiza Camargo Borges Leal e, em 2 de dezembro de 1955, chegou em Rondonópolis, vindo da cidade de Pirajuí (SP). Ele conta que, a partir da indicação de um amigo, foi motivado a mudar para Mato Grosso. “Em Campo Grande, falaram que Rondonópolis era uma cidade em evidência. Chegando aqui, gostei da cidade”, conta.
O pioneiro no setor farmacêutico lembra que veio com a esposa, uma filha e os dois irmãos já com a farmácia dentro de um caminhão, que foi montada na Avenida Marechal Rondon. Na época, observa que era comum a prática na farmácia de uma espécie de medicina popular. “Quando cheguei aqui, tinha dois médicos. Um deles era fixo e outro era de um hospital de Mineiros (GO)”, recorda o pioneiro, dizendo das limitações no período.
Elzio recorda que muitos baianos vieram dos garimpos das cidades vizinhas de Poxoréu e Guiratinga, após o fracasso da atividade, para tocar lavouras em Rondonópolis. No fim da década de 1950, testemunha que pessoas das comunidades do Naboreiro e Jarudore chegavam no Cais, às margens do Rio Vermelho, tocavam uma buzina e os carroceiros desciam para pegar a produção da zona rural. Os produtores voltavam com mercadorias que compravam na cidade.
Na área política, Elzio foi eleito vice-prefeito de Rondonópolis entre 1966 e 1969, na gestão do ex-prefeito Hélio Cavalcante Garcia. Naquele tempo, era necessária votação própria para ser eleito vice-prefeito. Também foi presidente de vários partidos políticos ao longo da sua trajetória. Entre 1973 e 1977, Cândido Borges Leal Jr, o irmão dele, exerceu o mandato de prefeito de Rondonópolis.
Apaixonado por esporte, Elzio foi um dos grandes incentivadores do futebol amador em Rondonópolis. Inclusive, informa que fundou o time amador Rondonópolis Atlético Clube. Na vida social da cidade, era presidente de quermesses religiosas cuja renda era revertida para a construção da Igreja Matriz. Também foi um dos fundadores do Rondonópolis Club, atualmente desativado. Era um dos grandes realizadores dos carnavais de rua e de salão na cidade. Também atuou no Lions e no Rotary Clube.
No começo da década de 1970, o farmacêutico entrou em uma concorrência pública para a construção da primeira rodoviária de Rondonópolis. Ganhou e explorou o serviço inicialmente por 25 anos, tendo havido prorrogação por mais alguns anos, até a construção do atual terminal rodoviário. “Nós pegamos uma época muito boa, quando estavam começando a surgir as linhas de ônibus para Goiânia, Belo Horizonte, Sul… Era uma frequência danada”, aponta.
Tendo acompanhado toda a evolução de Rondonópolis, Elzio acredita que a pavimentação das BRs que cortam o município, no caso das rodovias ligando às cidades de Campo Grande, Goiânia e Cuiabá, durante o governo militar, foi o fato mais importante da história local, sendo responsável pela grande alavancada no desenvolvimento. “Antes demorava dois/três dias para ir até Campo Grande”, avaliou.
Hoje se diz encantado com Rondonópolis. “Fabuloso! Ninguém esperava isso. É uma coisa fora de série, pois a gente não acreditava”, afirma. Apesar disso, lamenta a atual falta de apoio no futebol profissional da cidade diante do seu potencial político e econômico. “Dá vontade de chorar lágrimas de sangue”, repassa o pioneiro, apontando que a cidade teria condição de ter um time de futebol muito bom.
Elzio e Heloiza possuem três filhos: Maria Amélia Camargo Borges da Silva, José Olavo e Renato Borges Leal, seis netos e quatro bisnetos. O pioneiro diz que tocou a Farmácia Santa Terezinha até 1998, sempre no mesmo endereço, na Avenida Marechal Rondon, quando o prédio foi atingido por um incêndio.
Excelente reportagem; mais uma significativa contribuição do A TRIBUNA para a bibliografia sobre a História de Rondonópolis; eu mesmo estou me valendo de várias dessa inmformações, para a 2ª edição do meu livro História de Roo… Meus parabéns à redação do nosso querido jornal A Tribuna.