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“Tinha medo da ‘Maria Sete Voltas’, sim!”

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irani e sebastiao goncalves - pioneiros- 11-03-17

O casal Sebastião Gonçalves, de 91 anos de idade, e Irani Nunes Gonçalves, de 88 anos de idade, são os entrevistados desta semana da série de entrevistas especiais do Jornal A TRIBUNA com pioneiros de Rondonópolis. Devido ao fato de Sebastião estar com a memória mais fraca, dona Irani foi quem transmitiu à reportagem a maior parte da história do casal no município, que alcança mais de 50 anos. Atualmente morando no bairro Moradas de Parati, eles relembram sua trajetória na cidade e lembram de situações curiosas da época.

Sebastião Gonçalves e Irani Nunes Gonçalves chegaram em Rondonópolis por volta de 1965. Ela nasceu em Itiquira (MT) e ele em Jataí (GO). Quando se casaram, ela estava com 17 anos e ele, com cerca de 19 anos. Moraram primeiro em Itiquira (onde se casaram), depois foram para Mineiros (GO), voltaram para Itiquira e, depois, mudaram para Rondonópolis, começando aqui uma longa história. Atualmente estão casados há 71 anos.
Sebastião sempre trabalhou em fazendas e Irani sempre foi dona de casa. Assim, ela ficava na área urbana e ele ia trabalhar na zona rural. O casal teve 6 filhos, 12 netos e 13 bisnetos. A maioria deles mora em Rondonópolis. Um filho mora em São José do Rio Preto (SP) e outro, em Rondônia. A primeira moradia do casal em Rondonópolis foi abaixo da onde hoje é a Santa Casa. Depois comprou uma casa na Avenida Marechal Rondon, onde ficaram até 2014.
“Aqui em Rondonópolis era bem atrasado ainda. Quando viemos para cá, não era toda rua que tinha pavimento. Quando a gente comprou a casa, não tinha iluminação na rua; era, para bem dizer, mato próximo e, logo depois, já tinha cerrado. O comércio era bem atrasado, bem pouco. Rondonópolis era bem pequena. Hoje tem muita diferença de quando a gente chegou aqui”, relata o casal.
Irani lembra que, quando morava em Itiquira, já vinha em Rondonópolis para casos de tratamento médico. “Na época já tinha uma ponte [sobre o Rio Vermelho], mas não tinha asfalto. Era um barro só entre a ponte e o centro; não tinha carro, não tinha nada. A estrada era difícil do ônibus passar. Lá em Itiquira não tinha médico”, recorda.
Uma das coisas que marcou dona Irani, bem como a família, na época dos antigos tempos em que morava na Avenida Marechal Rondon eram os personagens pitorescos, que hoje fazem parte do folclore local. “Tinha medo da ‘Maria Sete Voltas’, sim! Ela ficava até nua no meio da rua, fazia bramuras que a gente tinha medo. Eu falava para os netos: – vem para dentro, não fica na porta porque a Maria Sete Voltas vem aí!”, relata.
Além da “Maria Sete Voltas”, outros personagens, como “Cibalena”, “Ra-rá” e “Rato Preto”, também despertam muitas histórias nos tempos passados de Rondonópolis. “Sei que quando ela [a Maria Sete Voltas] pintava em frente de casa, a meninada corria tudo. Os meninos tinham medo!”, continua Irani.
Ao longo das décadas, o casal testemunhou muitos avanços na cidade. “Pelo que era antigamente, agora está bem; já tem muita coisa, muitas benfeitorias, melhorou bastante. Quando a gente veio para cá, nem táxi tinha, a gente andava aqui na cidade de charrete, que era o táxi da época”, diz Irani. “Acho que está muito bom, pois agora é muito conforto, muita facilidade. As coisas eram muito difíceis”, relata Sebastião. “Eu gosto de Rondonópolis; é o lugar que passei muitos anos”, continua.
A descendência do casal, cada um na sua atividade profissional, contribuiu para o crescimento da cidade. “Penso que a cidade vai melhorar cada vez mais, com eles (netos e bisnetos) se dando bem, cada um cuidando bem da sua vida”, externou Irani, que, contudo, vê com preocupação o avanço da violência no município atualmente. “A gente vê a mortandade que ocorre em Rondonópolis, que pelo tamanho da cidade é muita”, analisa.
Contudo, a maior preocupação atual que Irani aponta é na área da saúde coletiva. “A gente fica preocupado com a saúde, porque anda aparecendo tanta doença que até os médicos não estão compreendendo bem!”, arremata.

 

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2 COMENTÁRIOS

  1. Eu me lembro da Maria Sete Voltas, Cibalena e do Ra ra.
    A Maria Sete voltas usava umas roupas bem estampadas, calça boca de sino vermelha e terninho combinando, tamanco, brincos de argola e óculos de sol bem grande. Em 1980, ela morava na rua Arnaldo Estevão, pra cima do colégio Lá Salle, em cada grande que parecia abandonada. Tudo muito simples. A gente morava ali por perto. Minha mãe, que também se chama Maria, um dia fez uma reza na casa dela. Ela recebeu a todos com cortesia e cordialidade. Ela era uma pessoa que fugia aos padrões da sociedade, por isso era incompreendida!

  2. Gostaria de rever um noticiário que vi em setembro do ano passado, quando pesquisei sobre a história de Maria sete voltas. E de suma importância para mim a verdadeira história de vida dela em Rondonópolis. Desde já agradeço.

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