Setor comercial se posiciona contra feriado

A ideia de criar um feriado municipal no dia de São João Batista, em 24 de junho, gerou a mobilização contrária do setor empresarial de Rondonópolis. Uma comitiva das principais entidades representativas dos empresários procurou o Jornal A TRIBUNA ontem para demonstrar a preocupação com o começo da discussão na Câmara de Vereadores de mais esse feriado municipal. O setor propõe que seja feita a comemoração no 3º domingo do mês ou no domingo seguinte ao dia do padroeiro municipal. A comitiva empresarial foi representada pela presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Rondonópolis (CDL), Eliane do Rocio Queiroga, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Rondonópolis, Almir Batista de Santana, presidente da Câmara Setorial de Materiais de Construção, Neles Walter Ferreira de Farias, e de um dos diretores da Associação Comercial (ACIR), Giovane Sales, com o aval ainda do presidente da ACIR, Luiz Fernando Homem de Carvalho, o Luizão. Os representantes do setor empresarial procuraram externar o posicionamento à população a partir da manifestação maciça dos demais empresários da cidade. Eles destacaram que os empresários não são contra o dia do padroeiro, mas contra tornar a data em mais um feriado municipal. Conforme Almir Batista, os empresários são contra o acréscimo de qualquer feriado, mesmo sendo facultativo, que venha gerar mais prejuízos para os comerciantes da cidade. Eliane Queiroga enfatizou que feriado facultativo é o que mais gera despesas para os comerciantes, porque geram custos com horas extras e enfraquece o movimento, diante da dúvida entre os consumidores se o comércio ficará aberto ou não. Neles Ferreira reforçou que a possibilidade do feriado no meio de semana traz muita preocupação ao setor, uma vez que traz prejuízos para os comerciantes e para os comerciários, pois muitos recebem comissão. Ele acrescentou que são inúmeros feriados ao longo do ano e que os empresários contam com custos fixos mensais a serem cobertos. Neste ano de 2014, com a Copa do Mundo de Futebol, o setor empresarial atesta que vem sofrendo com os dias de jogos da seleção brasileira, alegando que acaba se tornando quase um feriado, diante da queda no movimento. Neles Ferreira estima que um feriado que caia em uma quinta-feira, por exemplo, formando uma espécie de feriado prolongando, causa uma queda de até 20% no faturamento da semana. “A classe produtiva quer trabalhar e produzir”, atesta. Para Luizão, a comemoração do dia do padroeiro é salutar, não sendo necessário estabelecer um feriado para isso. Essa comemoração, segundo Luizão, pode ficar estabelecida, por exemplo, no 3º domingo do mês de junho. “O Dia das Mães, por exemplo, que é uma data tão representativa, é comemorada no 2º domingo do mês de maio. Já temos muitos feriados”, externou. “Podemos comemorar o dia do padroeiro sem prejuízos a ninguém”, acrescenta. O empresário Giovane Sales observou ainda que os feriados com ponto facultativo não geram os resultados esperados pelos organizadores, pois muitos segmentos acabam abrindo nestas datas. Por isso, reforça que a data seja comemorada em um domingo, no caso no 3º domingo do mês de junho. Almir Batista reclamou ainda que o comércio itinerante e informal atua diariamente e sem geração de divisas, mas não têm a devida ação contrária dos vereadores e poder público. O empresário Neles Ferreira externou que a classe espera o bom senso da Câmara de Vereadores para observar as necessidades dos empresários. Nesse sentido, sugere que os vereadores possam convidar as entidades representativas do setor para ouvir a sua posição e abrir uma discussão mais aprofundada. Eliane Queiroga e Almir Batista acrescentaram que vão elaborar um documento, em nome da CDL e do Sindicato do Comércio, e protocolar junto à Câmara, com o posicionamento contrário da classe empresarial diante da ideia de criação de mais um feriado. O presidente do Sindicato da Indústria da Alimentação da Região Sul do Estado de Mato Grosso (Siar-Sul), Ailton Ferreira, também é contrário à criação de um feriado no dia do padroeiro. Os representantes dos empresários externaram ainda que vão estar acompanhando de perto a discussão acerca da criação desse feriado municipal. Nesse sentido, pedem a compreensão para que a ideia do feriado nessa data não prossiga em frente. SAIBA MAIS – Conforme apurado pelo Jornal A TRIBUNA, a ideia do feriado municipal no dia de São João Batista ainda não se tornou um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Vereadores. Trata-se de uma discussão aberta pelo vereador Adonias Fernandes (PMDB). Segundo Adonias Fernandes, a ideia da criação do feriado municipal, no dia do padroeiro do município, partiu do padre Erondi Tamandaré Reis Pereira, da Paróquia São João Batista, localizada no bairro Parque Universitário. Ele se dispôs, caso necessário, realizar uma audiência pública para ouvir a população. Vale lembrar que já está em vigor a Semana do padroeiro São João Batista, comemorada todos os anos na semana do dia 24 de junho. Na época da apresentação do projeto de criação desta semana, foi proposta também a criação do feriado. Porém, a ideia foi vetada pela Prefeitura.