Certa vez ouvi um ditado croata que dizia mais ou menos o seguinte: “diga a verdade e saia correndo”. Quando ouvi isso achei meio estranho e nesta semana observei que, no futebol, em muitos momentos, as pessoas pagam pela sinceridade, algo raro no esporte. Na maioria das vezes, nós vemos aquele famoso discurso pronto entre jogadores, treinadores de futebol e dirigentes. Quantas e quantas vezes vemos aquele velho chavão: “respeitamos o nosso adversário, mas queremos a vitória e para isso vamos correr os noventa minutos”. Ao final dos jogos, também ouvimos um monte de discursos prontos e ensaiados.
Certa vez, reza a lenda, que um repórter esportivo questionou ao ex-zagueiro da Seleção Brasileira, Oscar, sobre os discursos dos nossos futebolistas serem quase sempre o mesmo. Oscar, que era um dos jogadores de confiança do técnico da Seleção Brasileira, Telê Santana, respondeu de pronto, para surpresa de todos. “Isso ocorre pelo fato que geralmente vocês perguntam sempre a mesma coisa”, disse o becão. O problema é que, sempre quando há uma pergunta inteligente por parte da imprensa, vem uma reposta burocrática; dificilmente alguém fala a verdade. Quando o técnico manda um craque para o banco, a resposta nem sempre é verdadeira. Dificilmente o técnico, quando vai explicar à imprensa os motivos de ter sacado o jogador, fala a verdade; prefere falar qualquer resposta a não comprometer-se ou comprometer ao jogador.
Aqui em Rondonópolis, interior de Mato Grosso, onde o futebol ainda está longe dos grandes centros e das principais divisões do futebol brasileiro, um discurso tem chamado a atenção. O técnico do Vila Aurora, Antônio Fernandes, o Toninho Cobra, tem assustado meio mundo na hora que dá entrevista. O técnico do Vila é um tipo raro no futebol, que fala o que pensa e que não mede palavras.
Após o clássico de domingo, Cobra foi sincero e reclamou do posicionamento do goleiro da equipe no momento da cobrança da falta que originou o gol do empate do União e ainda culpou o próprio goleiro e o preparador do Tigre. Vejo que ele foi sincero, poderia encobrir a falha que detectou e usar aquele discurso político e dizer algo do tipo: “Tivemos uma falha em bola parada”, sem dar nome aos bois e nem o tipo de falha que o Vila teve. Cobra foi sincero.
Ele me lembra, pelo estilo, explosivo em muitos momentos na hora de falar, o de Carlos Rufino. Carlinhos, que eu sempre fui fã e em muitas vezes defensor, mesmo nos momentos de explosão dele, não tinha muita paciência em fazer discursos falsos e polidos. Ele sempre falava a verdade, mesmo sabendo que iria arrumar uma legião de inimigos.
Porém, ele sempre foi um homem de bom coração, pois mesmo depois de xingar ou até trocar sopapos com seus desafetos, nunca deixou de encará-los pela frente e muitos deles depois viraram seus amigos, ou seja, Carlinhos nunca foi o tipo de guardar mágoa no coração.
Cobra parece ser do mesmo tipo, bate pela frente, não ataca por trás e não vejo nele atos de falsidade. Para muitos isso é uma virtude, para outros um problema, pois às vezes ouvir a verdade dói; e como dói.
Sobe O clássico Uni-Grão, que bateu recorde de renda e público na rodada do fim de semana no Estadual.
Neutro O jogo Palmeira e Sinop, no meio de semana, que levou menos de 150 pessoas ao Verdão.
Desce A confusão na documentação dos jogadores que permite a escalação de atletas irregulares.
Esquema da semana
Hoje resolvi destacar o Manchester United, da Inglaterra, campeão mundial no ano passado. A equipe dirigida por Alex Ferguson jogou a decisão contra a LDU em um esquema próximo ao 4-3-3 com Cristiano Ronaldo, aberto como se fosse um ponta pela direita, Rooney no meio e Tevez pela esquerda. No meio-campo, um trio de volantes no caso; Carrick, Anderson e Park.
