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Regulação do Samu em Cuiabá fere princípios do SUS, diz enfermeiro

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Transferir a regulação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), para Cuiabá, feriu os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) de descentralização e regionalização dos serviços. A afirmação é do enfermeiro Ednaldo Santos de Souza, que nestes últimos dias está à frente da Coordenação Municipal de Urgência e Emergência.
“Fazer a regulação por Cuiabá, isso é fácil, mas a questão é que transferido o serviço para o Estado, a cidade começa a perder a autonomia do Samu, uma vez que o Estado defende que toda gestão passe a ser feita pela capital”, disse o enfermeiro.
De acordo com o secretário municipal de Saúde Valdecir Feltrin, a regulação de Cuiabá sempre mostrou interesse em regular todo o serviço, porém o Ministério da Saúde não aceitou. “Essa ideia partiu desde quando a Secretaria Estadual de Saúde recebeu um recurso de R$ 5 milhões para estruturar o sistema de regulação e atender todas as cidades do interior”, revela Feltrin.
O enfermeiro Ednaldo afirma que não imagina nada de positivo com a regulação em Cuiabá. “Acredito que o papel do Estado seria de reforçar a regionalização da saúde, até porque o Samu de Rondonópolis existe desde 2005, sendo modelo nacional, e não é justo a cidade estruturar todo o sistema e agora começar a perder sua autonomia para o Estado”.
De acordo com Ednaldo Santos, o Estado deveria contribuir mais com o serviço na cidade, uma vez que a responsabilidade pelo Samu pertence ao Governo Federal que repassa mensalmente para o Samu R$ 96 mil, Governo do Estado que passa mais R$ 42 mil e o maior investidor no serviço é a prefeitura com valor superior a R$ 100 mil mensais. “Muitas pessoas imaginam que  a responsabilidade do serviço é apenas do município, porém a cidade é que mais investe e agora começa a perder a autonomia para o Estado, sendo este que deveria promover a regionalização do serviço como proposto pelo SUS e  não a centralização”, considera o profissional.
Para o secretário Valdecir Feltrin, o serviço de regulação sendo bem feito ele não terá nada contra. “Regular o Samu em Rondonópolis ou Cuiabá não existem prós nem contra. É uma coisa neutra. O serviço de regulação, apesar de ser feito por médicos, não é um serviço complicado de se fazer desde que o sistema de telefonia funcione. Como a central do Samu local regulava as cidades de Primavera do Leste, Campo Verde, a mesma coisa será Cuiabá regular Rondonópolis. Bastam eles na capital terem a estrutura para comportar o serviço”, disse o secretário.
Para que a regulação passe a ser feita em Cuiabá, é aguardado pelo Samu da Capital a disponibilidade de uma linha tronco 192 de prefixo 66. “Só que eles disseram que conseguiriam essa linha dentro de um prazo de 30 dias, já se completaram 50 dias e no próximo dia 17 completa 60 dias, sendo este o prazo final estipulado. O Samu de Cuiabá não conseguindo a linha até o dia 17 de março, essa demora já coloca em dúvida a capacidade da capital fazer a regulação. Porém, esta é a alternativa atual diante a falta de médicos para contratar em Rondonópolis”, conta Feltrin.
Na avaliação do médico do Samu Fernando Augusto Borges de Oliveira, o atendimento do Samu regulado por uma central em Cuiabá só poderá ser avaliado os prós e contra a partir do seu funcionamento.  “A princípio, pode ser prejudicado, porque até mesmo soldados bombeiros locais tem dificuldades de fazer as ambulâncias chegarem aos endereços de socorro. No meu entendimento, a regulação deve ser feita nas cidades aonde está o serviço”, diz o médico.
O comandante do Corpo de Bombeiros de Rondonópolis, tenente-coronel Silvio Bernardes, em recente entrevista ao A TRIBUNA, disse acreditar que o serviço, sendo regulado na Capital, não vai melhorar o sistema na cidade. “Acredito que o médico regulador tem que estar mais próximo das pessoas que precisam de socorro, ou seja, Rondonópolis. Para regular o serviço, é preciso de um profissional que conheça a realidade da cidade, que esteja ciente do cotidiano local. Para mim, o serviço sendo operado em Cuiabá vai tornar o atendimento mais difícil”, alerta.

Como funciona o serviço de regulação

O secretário Valdecir Feltrin explica que o serviço de regulação é um trabalho sem complexidade. “O médico do Samu fica na central de regulação e, conforme vão recebendo os chamados, faz o primeiro contato com quem ligou pedindo socorro. Pelo telefone, o médico pergunta como está a situação da vítima, se ela fraturou a perna ou bateu a cabeça, se está desacordada. Diante das informações, o médico vai avaliar se manda ao local uma ambulância simples ou uma avançada. De acordo com o grau de gravidade, o médico destina a equipe adequada para o atendimento. Isso é o que se chama de regulação do serviço”, explica Feltrin.

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