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Rondonópolis
, 14 maio 2024
 
 

Um rio no contexto histórico

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Comemorar o aniversário de Rondonópolis é uma oportunidade ímpar para rememorar parte dessa história, construída por mulheres e homens que se encantaram, não apenas com a fertilidade do solo, mas também com as belezas da região. Em reconhecimento à importância do rio, o primeiro nome atribuído a Rondonópolis foi “Povoado do Rio Vermelho”, nome que permaneceu até  1918, quando, por intermédio do deputado Otávio Pitaluga, o Povoado recebeu o nome de Rondonópolis.
Nesse percurso, impossível não mencionar a beleza da hidrografia da região e, em especial, do rio Arareau, afluente do rio Vermelho, e tão marcante na região central da cidade. Quando cheguei a Rondonópolis, em dezembro de 1973, eram comuns os banhos e piqueniques no rio Arareau, nas tardes de domingo. O cantor Olímpio Alvis retrata, com maestria, um pouco da história desse rio na sua relação com as mudanças que, paulatinamente, foram acontecendo em seu entorno:
“O Arareau já foi limpo e cristalino/Eu me lembro, era menino/De ver suas águas claras./Eu usava estilingue no pescoço/O meu pai ainda era moço/e nós íamos pescar/Piraputanga, Pacu peva e até Dourado/eu ficava admirado/De tanto peixe que havia./Em suas margens flores lindas, colibris/ borboletas, lambaris/piqueniques, belos dias./ Mas veio a soja, a rainha do cerrado/e com ela trouxe o arado/E o progresso nesse chão./ Por outro lado, meu olhar já não aguenta/Ver o rio em morte lenta/ de tanta poluição./Pelo progresso, nós pagamos um preço alto/construímos o asfalto/Sufocamos o Arareau, meu ribeirão,/Mas em mim que sou poeta/ amante da natureza/isso dá tanta tristeza/que arrebenta o coração”.
E essa dor, que “arrebenta o coração”, certamente é sentida por muitas pessoas que vieram para essa região quando as águas limpas do Arareau faziam parte do cotidiano de muitos moradores. Águas que tanto serviram à população, hoje recebem todo tipo de poluição, num total desrespeito conosco mesmos e com a natureza.
Na contramão desse processo, temos a alegria de acompanhar iniciativas no sentido de recuperar a beleza dos nossos rios, por meio da ARPA e  de ONGs como a ARAREAU e tantas outras que têm buscado, incansavelmente, mostrar a necessidade do envolvimento de todos no projeto de defesa do meio ambiente.
Dentre tantos trabalhos, gostaria de ressaltar o documentário “Arareau: vida e morte nas mãos da comunidade”, organizado pelos estudantes do 4º ano do curso de Jornalismo/FACER, Sandra Melo e William Martins, e lançado recentemente, como um apelo à preservação deste rio que nasce na Fazenda Vale do Sonho, na Serra do Café, com águas cristalinas, o que mostra a possibilidade de sua recuperação.
Nestes 58 anos de emancipação, conquistamos muitos espaços inclusive no cenário nacional e internacional… Talvez, seja um momento para tentarmos, com a mesma ousadia, recuperar os espaços que nos possibilitaram tais conquistas; espaços que nos acolheram com “flores lindas e colibris” e que hoje se ressentem do mau cheiro e  da sujeira provocados pelo descaso pela vida.
Impossível cruzar o Arareau, na região central da cidade, sem sentir o odor da morte que paira em suas águas. Quem sabe, os poucos Piraputanga, Pacu peva e Dourado que ainda resistem nas águas do Arareau, possam ser beneficiados com políticas de sustentabilidade e voltem a povoar as “águas cristalinas” que continuam brotando da sua nascente…

(*) Laci Maria Araújo Alves é professora doutora do Departamento de História do campus local da Universidade Federal de Mato Grosso

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1 COMENTÁRIO

  1. Rondonópolis tem que olhar com atenção a situação do rio Arareau, o rio vermelho, tirar como exemplo Cuiabá, capital, que retirou todos os ribeirinhos e comerciantes da beira do rio, que exploravam as margens de preservação permanente, o rio Cuiabá hoje tem outra cara, vamos começar a ser exemplo, os orgaos públicos que fiscalizam, precisa fazer o trabalho de casa

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