Polêmica no trânsito

A realização da chamada Blitz Seletiva, com o uso de câmeras Optical Character Recognition (OCR), uma tecnologia de leitura ótica, vem dando o que falar em Rondonópolis. A reportagem do Jornal A TRIBUNA sobre o assunto é uma das mais comentadas dos últimos anos.
Vale explicar que, em tempo real, o equipamento OCR consegue detectar se os veículos que passam pela blitz tem pendências na documentação, ou alguma queixa de roubo ou furto. Caso a irregularidade seja constatada, o condutor é parado pelas equipes que estão realizando a fiscalização em outro ponto.
A maioria dos motoristas rondonopolitanos está revoltada com a realização desse tipo de blitz no trânsito. A fúria dos cidadãos não é totalmente descabida. Por um lado, como cobrar a regularização documental dos veículos diante de uma greve parcial enfrentada no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e que já dura quase dois meses?
O Detran e órgãos de segurança parceiros deveriam ter a coerência de realizar esse tipo de fiscalização quando o órgão estivesse com 100% das atividades em curso. Assim, não daria margem para eventuais atrasos ou para não pagamento em função da redução do número de servidores prestando atendimento.
Por outro lado, os brasileiros estão cansados de pagarem tantos impostos e, ainda assim, não verem a contraprestação dos serviços decorrentes dessa arrecadação. Prova disso é que, mesmo com o pagamento de IPVA e tantos outros impostos, os brasileiros enfrentam problemas na prestação dos serviços públicos.
É dever do cidadão cumprir as leis nacionais e honrar com o pagamento de impostos para que haja os serviços necessários a coletividade. Contudo, também não deveria ser um dever dos representantes políticos o zelo pela coisa pública e a fiel aplicação dos recursos aplicados em benefício de todos?
São incoerências como essas que fazem com que haja esse sentimento de indignação na nossa população quando se depara com fiscalizações de cunho aparentemente arrecadatório no trânsito, uma vez que forçam o condutor a cumprir suas obrigações e não garantem em troca os seus direitos básicos.
Não se pretende aqui incitar ninguém a não cumprir seus deveres, mas almejar que o Brasil, através dos seus diversos poderes, possa garantir o devido retorno de tudo que se arrecada aos seus cidadãos…