Mais uma greve

Mais uma vez a população de Mato Grosso será afetada por uma greve. Começou com o bloqueio da MT-130 na manhã do último sábado (21), sabe-se lá o que vem pela frente. Todo mundo sabe, quando o sistema prisional impõe regras aos detentos, neste caso devido a paralisação dos servidores, os reeducandos costumam mostrar que possuem muita força diante do Estado. Torcemos para que nada disso aconteça, mas é importante lembrar.O que faz o servidor mato-grossense tão infeliz? Nunca está contente com o salário, nunca está contente com o governo, nunca está contente… Existe razão? Em muitos casos, sim! Sabemos, por exemplo, que há falta de colete à prova de balas para os agentes, há um número bem menor deles cuidando de detentos do que o recomendado, não há equipamentos de segurança que garantam certa tranquilidade para o trabalho, como aparelhos de raio X… Contudo, não deve ser tão ruim assim, já que tanta gente está disposta a conseguir uma vaga via concurso público e os que lá estão não vão deixar seus postos por nada.
A estabilidade, um dos maiores atrativos do serviço público, parece não ser mais o suficiente em Mato Grosso. Nem todo mundo está apaixonado pelo tipo de trabalho para qual foi aprovado, tampouco se contenta apenas com o dinheiro proveniente dele. Benefícios como as licenças remuneradas, os estudos, empréstimos e financiamentos facilitados e, em alguns casos, a aposentadoria integral, situações raramente encontradas no setor privado, não são o bastante.
O Governo do Estado foi apelidado de “Desgoverno Taques”, pela crise na saúde, pelas inúmeras greves e pela falta de diálogo com o servidor. Eles reclamam, o Governo diz que é “de barriga cheia”, e assim vamos levando… Coitado é do cidadão, como é o caso de quem precisa dos serviços do Detran, chegando aos quase 50 dias de greve.
Está evidente que os servidores perderam a paciência com a gestão, já que as paralisações e greves continuam acontecendo. Está muito claro também que o Governo não tem nenhum poder de negociação, pois deixa a situação chegar ao limite. Enquanto a briga continua, cabe aos que estão de fora aguardar qual o próximo setor que irá parar. Greve é direito, greve é necessária, mas greve não pode ser rotina.