Uns limpando; outros sujando

Rondonópolis é privilegiada em recursos hídricos, sendo uma cidade com córregos e rios em sua zona urbana e também entornos – além do seu extenso lençol freático. Porém, essa abundância é constantemente ameaçada e, por isso, é tão importante a adoção de iniciativas de conscientização e medidas comportamentais para o uso consciente e a conservação de rios e nascentes. Duas ações importantes são realizadas na cidade e merecem destaque. A primeira, para cercamento e preservação de nascentes realizadas pela Diocese de Rondonópolis, Pastoral da Terra e demais parceiros, visando proteger esses locais da ação do homem e dos animais, já que o gado quando pisoteia a nascente acaba promovendo a compactação do solo e destruindo o lugar.
A segunda, o mutirão para limpeza do leito, margens e ruas adjacentes ao Ribeirão Arareau. Como noticiado anteriormente, no último domingo (11) foi realizada a 4º edição do mutirão “O Rio é Nosso”. Vê-se desse tipo de ação que, embora a quantidade de lixo recolhido, fruto de descarte incorreto, ainda seja considerável, a quantidade despejada pela população diminuiu, o que mostra um comprometimento maior no sentido de preservar e cuidar tanto do patrimônio público como do meio ambiente.
Se por um lado podemos comemorar, por outro, é importante frisar alguns pontos. Fica mais evidente a cada vez que se percorre as margens do Arareau a quantidade de lançamento de esgoto clandestino. Quando o poder público promove uma campanha para mudar a mentalidade da população, e falamos não só do Estado, do Município, da Câmara de Vereadores, como do Ministério Público e da Justiça, é preciso também olhar para as próprias falhas e corrigi-las. Porque se joga tanto esgoto no Arareau e porque ninguém faz nada para mudar isso? É hora de oferecer respostas para a população.
O mutirão é algo elogiável, uma parceria entre público e privado que têm dado muito certo, mas que também começa a apresentar um desgaste com relação a participação de voluntários. Enquanto alguns colocam a mão na massa e vão encarar a sujeira e o esgoto, outros preferem aparecer nas fotos e nas imagens, com belos discursos. Percebe-se a desmotivação dos voluntários, com razão. É hora de todos arregaçarem as mangas, irem além de suas funções e corrigir as falhas que não dependem apenas da colaboração da população. Afinal, um Arareau com vida é benefício para todos da cidade, independente da posição.