Justa preocupação

Nós vivemos imersos em uma sopa química. Se estivermos alertas para evitar o consumo de tudo que nos faz mal, não fazemos mais nada. Os químicos nos rodeiam no ar que respiramos, na água que bebemos, na comida que comemos e nos produtos de consumo que usamos. Estão sempre conosco, comprometendo nossa saúde dia após dia.
Nessa seara, a Promotoria de Justiça da Bacia Hidrográfica do São Lourenço, conforme noticiado pelo A TRIBUNA na edição de ontem (7), pediu por meio de uma Ação Civil Pública o fechamento da unidade da Nortox, em Rondonópolis. A alegação é que, desde que foi instalada na cidade em 2004, até o momento a Indústria não apresentou Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), funciona em local considerado impróprio e oferece riscos de difusão de veneno e intoxicação de pessoas.
Há também preocupação quanto ao fato do Ministério Público do Paraná ter denunciado a empresa, por problemas com contaminações em Arapongas, onde fica situada sua outra unidade.
É importante ressaltar que, quando se trata da saúde da população, as medidas de precaução são mais que necessárias. A responsabilidade e obrigação dos Poderes é esta, evitar que o pior aconteça. Se existem dúvidas quanto a segurança da população com a presença da empresa em Rondonópolis, é importante que os órgãos ambientais investiguem, se pronunciem, e que a Justiça tome as medidas necessárias para a proteção da sociedade.
É importante também que se dê o amplo direito de defesa para a empresa, que é geradora de empregos e, em tempos de crise, pedir o fechamento de uma unidade tão grande chega a assustar quem escuta. Se existem os riscos, que sejam apurados e as medidas para se evitar qualquer problema maior à população sejam tomadas.
Na região, temos um “Fórum de Combate aos Agrotóxicos”, onde diversas entidades públicas e privadas participam da iniciativa, que tem como objetivo exercer o controle social, cobrando dos órgãos governamentais a fiscalização em torno do uso indiscriminado de agrotóxicos.
O uso de veneno nas lavouras cresceu 700% nas últimas quatro décadas no Brasil. Nesses 40 anos, o território plantado aumentou apenas 78%, conforme dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A economia do Estado de Mato Grosso gira em torno do agronegócio, que precisa dos agrotóxicos. O incentivo para a produção de alimentos de forma limpa é muito tímido no Brasil, portanto, essa realidade de hoje não deve ser modificada tão cedo.
Ou seja, não precisamos correr mais riscos do que os diários, por isso, espera-se que de forma justa, os órgãos controladores e a Justiça tomem as providências para que a presença da Nortox seja segura para a população.