Ao mestre com carinho?

O Ministério da Educação anunciou reajuste de 7,64% no piso salarial nacional dos professores, que passou de R$ 2.135,64 para R$ 2.298,80.
A Lei Federal 11.738/2008 define o valor mínimo que um docente em início de carreira, com formação de nível médio e carga horária de 40 horas semanais deve receber pelas aulas ministradas. Em termos práticos, escolas municipais, estaduais ou federais não podem contratar professores com salário menor ao piso nacional.
O ministro da Educação, Mendonça Filho, disse durante a coletiva de imprensa que “não se pode ter uma educação de qualidade se não tivermos professores bem remunerados”. Bem remunerados? Os professores brasileiros, especialmente os das redes municipais e estaduais, continuam não sendo bem remunerados. Durante o dia de ontem, vários governos emitiram notas pela imprensa alegando pagar o piso, mas os vencimentos dos docentes provam o contrário.
Apesar da necessidade evidente de se melhorar o salário dos professores, há uma pedra no meio do caminho: boa parte dos mais de 5.500 municípios brasileiros não tem condições de bancar essa remuneração e está aí uma das deformações do retrato de nosso País. Não pode haver crescimento, material e cultural, sem educação. Essa é uma lição elementar que ainda não aprendemos e pela qual já passaram todos os países que venceram o atraso e alcançaram boa qualidade de vida. O Governo define um piso, mas não oferece condições pra que ele seja pago e nem diz se fiscalizará se todos os Estados e prefeituras estão pagando o piso.
A falta de investimentos na Educação é o grande empecilho para o desenvolvimento econômico do Brasil e a diminuição das desigualdades sociais aqui existentes. Os professores, responsáveis por alfabetizar nossos filhos, são mal remunerados e precisam trabalhar em turnos seguidos para ganhar o mínimo para sobreviver. Encontram escolas sem estrutura, alunos desinteressados, violência, e o reflexo disso está evidente: hoje o número de pessoas que buscam o ensino superior pensando em lecionar é mínimo. O MEC parece não estar preparado para a futura falta de professores que é evidente.
No Brasil, enquanto um desembargador ganha mais de R$ 300 mil em um único mês, um professor precisa lutar para receber R$ 2.298,80. A reflexão que fica é: esse desembargador conseguiria atuar se não tivesse sido alfabetizado por professores?