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Rondonópolis
 
 

Faca de dois gumes

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O Governo do Estado anunciou esta semana que as obras para a construção da penitenciária de Várzea Grande, que será a maior do Estado e terá capacidade para abrigar 1008 recuperandos, foram iniciadas. A unidade contará com dois prédios e o investimento é alto: R$ 24,3 milhões. De acordo com as informações do Sistema Penitenciário, a demanda hoje no Estado é de aproximadamente quatro mil vagas.
Vários fatores culminaram para que chegássemos à esta situação. Entretanto, o abandono, a falta de investimento e o descaso do poder público ao longo dos anos vieram por agravar ainda mais o caos. Sendo assim, a prisão que outrora surgiu como um instrumento substitutivo da pena de morte, das torturas públicas e cruéis, atualmente não consegue efetivar o fim correcional da pena, passando a ser apenas uma escola de aperfeiçoamento do crime, além de ter como característica um ambiente degradante e pernicioso, acometido dos mais degenerados vícios, tornando quase que impossível a ressocialização de qualquer ser humano.
Isto pode ser visto localmente na penitenciária Major Eldo de Sá Corrêa, a nossa conhecida Mata Grande. Superlotada, a penitenciária abriga criminosos de origens distintas, que quando cumprem sua pena ou conseguem benefícios para deixar o cárcere, acabam ficando por Rondonópolis mesmo, voltando a cometer crimes e ajudando a fomentar os números já altos de homicídios e tentativas de crimes contra a vida e contra o patrimônio na cidade.
Os próprios dados das autoridades de segurança local mostram que a maioria dos crimes tem ligações com o tráfico de drogas, ou são cometidos contra pessoas que deixaram recentemente a unidade prisional.
É claro que diante do atual quadro do Estado, a construção de uma mega penitenciária com mais de 1000 vagas é necessária. Mas será que é a melhor forma de se tratar a ressocialização de um detento? Presos que cometem crimes na Capital ou em Várzea Grande, mas tem a sua origem em cidades do interior do Estado, deveriam ficar no local do crime ou retornar para a sua região de origem cumprindo pena em penitenciárias menores e com maior controle do Estado?
Para ser como a Mata Grande, onde detentos tem smartphone e usam redes sociais como se estivessem passando férias na “fazenda de muro alto”, uma nova grande fazenda é só mais um amontoado de concreto para aprisionar gente, algumas até com potencial de reinserção, e devolver mais “bichos” para a sociedade.
Educar e fornecer subsídios àqueles que estão ou já estiveram em situação de cárcere, oportunidades de educação e trabalho, e parar de ficar reformando as leis penais, iludindo a população que isso seria o suficiente para reduzir a criminalidade. Um país só muda quando se tem a oportunidade de deixar de construir muros, para construir escolas e pontes.

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