Desafios da nova safra

O dólar valorizado tem sido a tônica do agronegócio ultimamente no Brasil. Até então, a situação do câmbio atual vinha trazendo mais benefícios do que malefícios aos produtores de commodities, com expressivos ganhos nas exportações. Contudo, a desvalorização do real vai começar a mostrar seus pontos negativos a partir de agora para o setor: na hora de adquirir os insumos para a próxima safra. Já se fala que a safra 2015/2016 apresentará o maior custo da história.
Em meio a essa dupla realidade, os agricultores mato-grossenses vão precisar de mais recursos para compor a próxima safra, sendo, por isso, fundamental o papel do Governo Federal na disposição de crédito rural para atender a demanda. Em um primeiro momento, o novo Plano Safra anunciado nesta semana prevê essa situação, com ampliação em 20% de recursos para o setor agrícola.
Segundo informado pelo Governo Federal, serão liberados R$ 187,7 bilhões no total, dos quais R$ 149,5 bilhões (79,6%) serão para financiar o custeio agrícola e a comercialização, e R$ 38,2 bilhões (20,4%) para investimento. Contudo, o setor agrícola já alertou que esses recursos precisam ser disponibilizados com rapidez nas agências bancárias, considerando que a compra de insumos este ano já está atrasada.
Não podemos esquecer ainda que os recursos para custeio e investimentos também virão com aumento na taxa de juros. Ao que tudo indica a próxima safra será de muita cautela, na qual os produtores terão que garantir uma boa produtividade para chegar a uma safra com viabilidade. As perspectivas, dessa forma, são de diminuição na margem de lucro do agronegócio e, consequentemente, com menos dinheiro circulando na economia de Mato Grosso, um estado essencialmente agrícola.
Diante de tudo aquilo falado aqui, a famigerada crise propalada nacionalmente, que até agora teve poucos reflexos negativos em Mato Grosso, poderá ser testemunhada de forma mais clara a partir da próxima safra… O alerta amarelo está dado, restando ao Governo Federal garantir os subsídios para que um novo colapso no agronegócio não se efetive em breve. Pelo visto, os desafios serão muitos no nosso glorioso agronegócio mato-grossense…