Entidade atual e importante, o AUTISMO, denominação criada pelo psiquiatra suíço E. Breuler (autismus), correspondendo ao entendimento de Freud como “autoerotismo”, consiste em doença silenciosa que coloca a criança entre duas realidades. O autismo faz parte do grupo dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID). Tal é a relevância social e a prevalência do autismo que foi criado o Dia da Conscientização do Autismo em dois de abril de cada ano e, ainda, foi até tema de filme: “Código para o Inferno”, estrelado por Bruce Willis e Alec Baldwin, de grande sucesso nas bilheterias dos cinemas.
Em dissertação de autoria de Maria Lúcia Salazar Machado, intitulada “Educação e Terapia da Criança Autista: uma Abordagem pela Via Corporal”, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Escola de Educação Física), a nível de mestrado, a autora, baseada em estudos de Vygoststski, que se referem à Síndrome de Autismo na abordagem da Psicomotricidade Relacional, conclui: ¨O estudo demonstrou que a intervenção pedagógico-terapêutica realizada gerou mudanças no comportamento e desenvolvimento das crianças autistas”.
Em carta enviada para mim pelo renomado neurologista da infância e adolescência, escritor de vários livros, inclusive do livro “Autismo Infantil” (esgotado), José Salomão Schwartzman, datada em 26.06.2009, em que se refere ao tratamento de um paciente em comum, com três anos de idade, em determinado momento diz: “após o início do tratamento com você ele já está apresentando melhora”. Discutindo o diagnóstico deste mesmo paciente, eu questionei o comportamento de hiperatividade com o referido neuropediatra. Em resposta, via e-mail, esclareceu que o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é uma das comorbidades do quadro do autismo, ocorrendo muitas vezes incompatibilidades no tratamento medicamentoso, ocasionando insucesso no resultado terapêutico esperado, até piorando o comportamento. (no próximo artigo, abordaremos o TDAH).
A Psicomotricidade Relacional vem trabalhando com êxito o paciente com autismo. Depoimentos dos pais na minha clínica relatam importantes mudanças no comportamento destes pacientes após o tratamento: “a criança está mais feliz quando vem para a sessão”, “vejo mudanças no comportamento, como sorrir, mostrar afeto, interação no olhar, sociabilização, desejo de estar no grupo”. Isto porque viviam no mundo próprio … à parte. Agora, conseguem compartilhar no nosso mundo, inclusive no amor.
(*) MARIA CAVALCANTE DE LIMA é Psicomotricista Relacional