Além de debater

Durante a semana que passou, a Câmara de Vereadores de Rondonópolis utilizou o expediente de realização de audiências públicas para analisar duas questões que realmente vêm chamando a atenção de uma grande parcela da comunidade. Trata-se do passe livre e da questão da água.
O fato de se chamar a atenção para uma audiência pública e buscar soluções é louvável por um aspecto. Mas, por outro lado, vale dizer que a forma pela qual essas audiências estão sendo feitas não é a mais correta.
A audiência da água mostrou um pouco disso. Não houve, por exemplo, uma explanação por parte do proponente da reunião de forma clara da situação da água na cidade. Faltaram gráficos, números e dados. E, para complicar ainda mais, o viés do debate estava invertido. Saiu do lado técnico e da solução dos problemas para um lado voltado simplesmente para a política.
O que houve foram debates dos dois grupos que em 2008 disputaram as eleições. Foi uma audiência onde simplesmente sobressaiu o confronto de ideias entre os grupos e não em torno da tentativa de resolver o problema constante de falta de água em diversos bairros do município. Isso ficou claro do começo ao fim do encontro.
Na audiência do passe livre, na noite desta sexta-feira e noticiada na edição de ontem do A TRIBUNA, houve dados, apresentação de números, e tudo mais. Porém, ficou latente o desinteresse de uma grande gama de estudantes que estava lá. Havia grupo mais interessado em promover o debate entre duas das mais importantes entidades estudantis da cidade, do que o passe livre em si.
Prova da gravidade da situação é que no momento de colocar em votação as propostas para o debate do passe livre, o proponente da audiência teve que fazer duas votações sobre o mesmo assunto, pois parte da plateia, desinteressada no debate, dava a impressão que não estava preocupada com o que estava sendo decidido.
Os organizadores deste tipo de audiência devem ir além de lotar auditórios. Deve também cobrar de quem está lá mais atenção sobre os debates, afinal, de um jeito ou de outro, o que está em jogo é o desenvolvimento da nossa cidade.