A criação de um centro de reabilitação pós-covid vai ao encontro com a necessidade da implementação de um tratamento especializado, específico e multidisciplinar para os pacientes.
Atualmente, pacientes do Sistema Único da Saúde (SUS) de Rondonópolis vêm sendo atendidos no Centro de Reabilitação Nilmo Junior, que não conta com a estrutura ideal para o tratamento desses pacientes, atuando improvisadamente em função da nova demanda criada com a pandemia.
Além de atender pacientes de Rondonópolis, o Nilmo Junior presta serviços a todos os municípios da regional sul/sudeste de saúde de Mato Grosso com um contingente de cerca de 500 mil habitantes e carece de estrutura física e profissionais habilitados, bem como equipamentos para conduzir a reabilitação de forma adequada aos pacientes pós-covid.
No início deste mês, a coordenadora do Centro de Reabilitação Nilmo Júnior, Isis Moraes, explicou ao A TRIBUNA que na rede pública os pacientes que necessitam de tratamento por sequelas após se recuperarem da Covid-19, e não possuem recursos para tratamento particular, são encaminhados pelos médicos para o “Nilmo Júnior”.
Ela reforça que o médico define se o paciente necessita de atendimento domiciliar caso não possa se locomover. Atualmente, cerca de 30 pacientes estão sendo atendidos no Nilmo Junior em grupos divididos em sessões três vezes na semana.
Além das questões estruturais e grande demanda de pacientes, o Nilmo Junior também não conta com fisioterapeutas respiratórios.
A presença desse profissional é considerada fundamental para o tratamento de reabilitação de pacientes pós-covid.
Esse profissional utiliza técnicas de expansão pulmonar, de desobstrução, de treinamento muscular respiratório, de eletroestimulação neuromuscular, exercícios aeróbicos e fisioterapia motora, que abrange exercícios ativos, ativos assistidos, ativos resistidos, alongamentos, treinamento de equilíbrio, treinamento de transferências, treinamento de marcha, entre outras.
Um estudo publicado em agosto de 2020 apresentou as experiências de centros de reabilitação de 11 países da Europa e América do Norte e aponta que a reabilitação se refere ao atendimento individualizado aos pacientes com distúrbios pulmonares e motores crônicos por meio de uma equipe multiprofissional e não se limita apenas a recuperação da função pulmonar por meio de exercícios e fisioterapia.
Por esse motivo, a disponibilização de equipe multidisciplinar para atender o paciente é fundamental com enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, educador físico, assistente social, fonoaudiólogo e psicólogo, como esses profissionais atuando em conjunto na reabilitação.
Além das questões técnicas, a criação de um Centro de Reabilitação Pós-Covid em Rondonópolis iria garantir tratamento adequado a um número maior de pacientes e se tornar a referência de tratamento para a cidade.
Como o Nilmo Junior atende um grande número de pacientes em reabilitação de traumas, doenças neurológicas entre outros problemas que fazem com que o paciente precise de reabilitação, a capacidade de atender a demanda fica reduzida e, com a elevação da quantidade de pessoas necessitando desse tipo de tratamento especializado ao longo da pandemia, as dificuldades para garantir uma recuperação adequada e célere a quem precise acaba comprometida.
Atualmente, após um ano de pandemia, é praticamente consenso ainda que a falta de acompanhamento por uma equipe multiprofissional de reabilitação pulmonar após alta hospitalar, em especial dos pacientes graves e críticos, poderá se desdobrar em retardo da recuperação funcional dos pacientes, assim como redução da qualidade de vida e maior necessidade de internações hospitalares e, consequentemente, havendo necessidade de maior investimento público e privado no que tange ao tratamento a longo prazo destes indivíduos.
A ideia é que a estrutura do Centro de Reabilitação Pós-Covid funcione junto à Policlínica Central, na Rua Rio Branco, no Centro.
