Era questão de tempo para a nova variante do coronavírus encontrada em Manaus, possivelmente mais perigosa, se espalhar para o Brasil. Em Mato Grosso, a Secretaria de Estado de Saúde (SES/MT) ainda não confirmou nenhum caso da variante, mas, em Rondonópolis, a Secretaria Municipal de Saúde já investiga pelo menos duas situações suspeitas.
Segundo as informações, os dois pacientes, moradores do Amazonas, já estavam em Rondonópolis quando apresentaram os sintomas da doença e foram internados em hospitais do município, no fim do mês passado.
Um paciente, um caminhoneiro, estava de passagem por Rondonópolis quando passou mal e acabou sendo internado. O motorista acabou morrendo, e o teste dele foi considerado inconclusivo, por isso, o caso é tratado apenas como suspeito. Outro paciente foi atendido no Hospital da Unimed e o resultado dos testes ainda é aguardado.
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Inicialmente, conforme informações recebidas pelas reportagem, eram seis casos suspeitos, mas quatro foram descartados. Dos seis pacientes iniciais, um veio a óbito, dois já receberam alta médica e dois continuam internados. O estado de saúde deles não foi informado. Dos seis casos que foram tratados inicialmente como suspeitos, cinco foram atendidos no Hospital da Unimed e o sexto paciente, o caminhoneiro, no Hospital Regional.
Preocupação
A nova variante é apontada como uma das principais suspeitas pela escala arrasadora da segunda onda de Covid-19 que varreu Manaus, resultando até mesmo em desabastecimento de oxigênio. Recentemente detectada no Estado e batizada de P.1, ela vem gerando preocupação entre especialistas, por apresentar aparente capacidade maior de infecção.
A variante estava presente em 32 das 35 amostras colhidas em janeiro (91,4%) durante pesquisas da Fio Cruz em Manaus. O percentual elevado de casos pela nova linhagem em janeiro reitera a preocupação dos cientistas e sugere uma melhor adaptação do vírus, que pode ter se tornado mais transmissível.
As medidas de proteção para evitar que a linhagem se propague seguem sendo as mesmas: distanciamento social, utilizar a máscara de forma adequada e manter a higienização da mãos com água e sabão ou a utilização do álcool gel.
Entenda
A nova cepa, que se desenvolveu no Brasil, foi identificada pela primeira vez no início deste ano no Japão, em viajantes que desembarcaram vindos de Manaus. Ao lado de novas linhagens encontradas no Reino Unido (B.1.1.7) e na África do Sul (501Y.V2), ela é uma das “variant of concern” (variantes que causam preocupação) acompanhadas pela comunidade científica internacional, por ter acumulado uma série de mutações na proteína que permite a entrada do vírus na célula, a espícula.
Uma dessas mutações é a N501Y, que, acredita-se, pode tornar o coronavírus mais contagioso. Há ainda a E484K, que pode dificultar a ação de anticorpos de quem teve a doença uma primeira vez em uma segunda tentativa de infecção pelo vírus.
