A direção da Santa Casa de Rondonópolis comunicou, na noite de ontem (19), que a UTI Pediátrica do hospital filantrópico teve as suas atividades suspensas. O fechamento da UTI Pediátrica estava previsto para o dia 15 de julho, mas, em um voto de confiança, o hospital estendeu o prazo para o dia 19 de julho, aguardando o recebimento de repasses atrasados que foram prometidos. Como isso não aconteceu, os leitos SUS estão agora fechados. A decisão foi tomada após uma reunião realizada na tarde de ontem no hospital, em que o prefeito de Rondonópolis, José Carlos do Pátio, negou repasses atrasados ao filantrópico. Sem novas internações desde o início do mês, havia na unidade apenas uma criança em atendimento, que foi transferida para a UTI Neonatal, em um leito adaptado.
Ainda devido à crise financeira que o hospital vive, todos com procedimentos eletivos (com data marcada) realizados na unidade serão suspensos a partir do dia 03 de agosto, conforme definido em reunião entre a direção do hospital e o corpo clínico. A justificativa é, entre outros, os recorrentes atrasos nos repasses que custeiam os serviços prestados via Sistema Único de Saúde (SUS), que provocam a falta de medicamentos e insumos, impossibilitando atendimento adequado aos pacientes.
Em uma reunião realizada no último dia 12 de julho, na Assembleia Legislativa (ALMT), com a presença de deputados e representantes das secretarias de Estado e Municipal de Saúde, um acordo foi firmado com o compromisso de que o hospital receberia, nesta semana, R$ 2,5 milhões referentes ao déficit acumulado das UTIs, para evitar o fechamento dos leitos e amenizar a crise financeira do hospital, o que não aconteceu. Vale ressaltar que o fechamento dos leitos de UTI Pediátrica está ligado ao fato de que os médicos intensivistas, sem receber salários desde fevereiro, pediram demissão.
IMPASSE
No fim da tarde de ontem, o prefeito de Rondonópolis, José Carlos do Pátio, e a secretária municipal de Saúde, Izalba Albuquerque, acompanhados de políticos ligados ao PSDB, partido do governador Pedro Taques, realizaram uma reunião no Hospital Filantrópico. Inicialmente, a coletiva de imprensa não havia sequer sido comunicada à direção da Santa Casa, que foi informada somente após todos os veículos de comunicação já terem sido convidados.
Na coletiva, o prefeito e a secretária de Saúde reafirmaram que não há repasses atrasados da gestão SUS por parte do Município, nem por parte do Estado ou do Governo Federal. A situação causou estranheza, já que na reunião na ALMT, na semana passada, os atrasos já haviam sido reconhecidos pela secretária municipal.
Ainda na coletiva, a secretária de Saúde de Rondonópolis informou que a Prefeitura deve adiantar pagamentos da contratualização das UTIs, na ordem de pouco mais de R$ 800 mil, referentes aos serviços prestados no mês de junho, que seriam pagos no dia 30 de agosto. Na última semana, a Secretaria de Estado de Saúde havia informado ao A TRIBUNA que realizou o repasse das UTIs referentes ao mês de abril, que deveriam ser pagos no dia 30 de junho. Os serviços prestados em maio devem ser pagos no próximo dia 30 de julho.
ATRASOS
Apesar da negativa da gestão municipal de que não há repasses em atrasos por parte do Governo do Estado para a Santa Casa, a própria Secretaria de Estado de Saúde confirmou ao A TRIBUNA que os repasses referentes aos serviços de média e alta complexidade, que giram em torno de R$ 1,3 milhão por mês, não foram feitos em fevereiro, março e abril, sendo que no próximo dia 30 de julho, também vence a parcela referente a maio.
Com informações totalmente divergentes, a população vive em meio ao que é noticiado pelo Estado, pelo Município e pela direção da Santa Casa, sem saber o que realmente está acontecendo. Uma situação grave, que reflete na vida de 600 mil habitantes de toda a região, que são atendidos pelo filantrópico.
