“Sou o prefeito da cidade”, diz Pátio

O prefeito de Rondonópolis, Zé Carlos do Pátio (PMDB), cassado na sessão plenária do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de anteontem, por 5 votos a 1, sob a acusação de gastos ilícitos de campanha, vai continuar no poder até a publicação da decisão pelo TRE. O acórdão do Tribunal ainda não tem data para ser publicado. “Sou o prefeito de Rondonópolis, eleito pelo povo dessa cidade”, afirmou Pátio durante uma coletiva de imprensa.
O prefeito compareceu ontem na prefeitura para trabalhar às 7 horas, foi recepcionado por servidores da Companhia de Desenvolvimento de Rondonópolis (Coder) e chegou a chorar.
Em seguida, cobrou de secretários e assessores mais empenho durante esse período em que ainda não foi notificado pelo Tribunal. “Pedi para que cada um deles [secretários] aumentasse a dose de empenho nesse momento”.
O peemedebista afirmou  que, neste momento, não vai ocorrer a descontinuidade aos serviços para a sociedade e a máquina não vai parar. “Estamos dando total continuidade aos nossos trabalhos. A cidade continua trabalhando normalmente e os serviços não vão parar de forma alguma. Todas as obras do município, neste momento, estão sendo feitas normalmente, o município está sob equilíbrio”, disse Pátio.
COLETIVA DE IMPRENSA
No período da tarde, o prefeito convocou uma coletiva de imprensa que teve como principal objetivo tranquilizar a população de Rondonópolis, segundo Pátio. “Sou o prefeito de Rondonópolis, eleito pelo povo dessa cidade e vou, enquanto poder, continuar trabalhando normalmente, despachando normalmente, não vou mudar neste momento a forma de trabalhar”, disse.
A coletiva foi marcada por momentos de aplausos eufóricos dos servidores, peemedebistas históricos e secretários que tiveram presentes na sala de reunião anexa ao gabinete do prefeito. Também tiveram momentos de silêncio e ameaças de choro por parte do prefeito.
Durante a coletiva, o peemedebista repassou aos jornalistas que tem recebido apoio de populares e de moradores de municípios distantes de Rondonópolis, como a cidade de Vila Rica, na região do Araguaia. “Até de lá pessoas estão me ligando e declarando solidariedade”, externou.

Advogado mostra otimismo em prefeito permanecer no cargo

O advogado José Pereira Neto, que defende o prefeito Zé Carlos do Pátio, demonstra otimismo com relação a possibilidade do peemedebista continuar no exercício do poder. A cassação de Pátio atende a um recurso do Ministério Público Eleitoral, que recorreu de uma decisão sobre gastos ilícitos de campanha considerada improcedente pelo juiz  da 45ª Zona Eleitoral de Rondonópolis, Luiz Antônio Sari.
José Pereira ainda não definiu a forma que vai agir, mas adiantou que vê até mesmo a possibilidade do prefeito continuar no comando do município. “Não posso ainda definir o que vamos fazer sem a publicação do acórdão mas, podemos, por exemplo, entrar no próprio TRE com um embargo de declarações que pode suspender os efeitos do acórdão”, disse o advogado.
Outra alternativa seria buscar recurso especial e uma liminar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para manter o prefeito no cargo. Ele também aposta em jurisprudências no TSE para tentar reverter a situação do prefeito. “Há jurisprudências bem fortes sobre prefeitos em final de mandatos e alternância de poder, onde a decisão é pela permanência do prefeito no poder”, destacou o advogado.
Ele ainda explicou que o fato de Pátio ter recebido cinco votos favoráveis à cassação e apenas um único voto contrário, não muda o que poderá ocorrer no TSE. “Isso apenas influencia na mídia”, pondera.
O processo que cassou Pátio é um recurso do Ministério Público que questiona o fato do prefeito, na campanha de 2008, ter confeccionado  cerca de 1,8 mil camisetas para serem utilizadas por 1,3 mil fiscais e delegados. “Ocorre que fizemos essas camisetas pensando exatamente que para vencermos aquelas eleições precisaríamos ter uma fiscalização forte, fizemos camisetas a mais em razão da dinâmica da nossa fiscalização”, justificou o prefeito.
O peemedebista também confirmou que não vai desistir de lutar para se manter no comando de Rondonópolis. “Primeiro, quero que ninguém passe pelo que eu estou passando neste momento e quero deixar claro que respeitamos essa decisão da Justiça porém, vamos buscar os nossos direitos”.