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Propinas pagas em esquema no Detran ultrapassam R$ 30 milhões

Foi deflagrada ontem a segunda fase da Operação Bereré, que apura fraudes no Departamento de Trânsito de Mato Grosso

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Operação Bereré apura fraudes no Departamento de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT) – Foto: Arquivo

Mais de R$ 30 milhões foram pagos em propina aos investigados da Operação Bônus, deflagrada na manhã de ontem (9) na segunda fase da Operação Bereré, que apura fraudes no Departamento de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT). De acordo com o Ministério Público Estadual, a organização criminosa era formada por 40 pessoas, entre elas, políticos, funcionários públicos e empresários que se utilizavam do contrato da empresa EIG Mercados Ltda junto ao Departamento de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT) para lavagem de dinheiro e recebimento de propina. Foram presos na operação o deputado estadual Mauro Savi (PSB), Paulo e Pedro Jorge Taques, primos do governador Pedro Taques (PSDB), e os empresários Roque Anildo Reinheimer, Claudemir Pereira dos Santos, vulgo ‘Grilo’, e José Kobori. Todos os investigados, incluindo o deputado e os primos do governador, passaram por audiência de custódia ontem na Capital, tiveram as prisões mantidas e foram levados para o Centro de Custódia de Cuiabá (CCC).

O deputado estadual Mauro Savi (PSB), o mais votado na eleição passada, também foi preso ontem pela polícia – Foto: Arquivo

A 2ª fase da Operação Bereré foi desencadeada após as delações premiadas dos empresários José Henrique Gonçalves e José Ferreira Gonçalves Neto, donos da EIG Mercados (antiga FDL), empresa suspeita de fraudar contrato com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran). A empresa é acusada de desviar, entre 2009 e 2014, cerca de R$ 27,7 milhões que teriam sido distribuídos como propina a diversos agentes públicos, entre eles deputados estaduais. Segundo a investigação, o deputado estadual Mauro Savi (PSB) tentou dificultar a produção de provas durante o inquérito. Paulo Taques foi citado em delações como o responsável por garantir que o contrato entre a EIG Mercados e o Detran fosse mantido. Já Pedro Jorge Taques, irmão de Paulo e sócio no escritório de advocacia. Os três teriam cobrado mais de R$ 2 milhões em propina para a manutenção do contrato.

O ESQUEMA

De acordo com as investigações, entre os meses de julho e agosto do ano de 2009, quando Teodoro Moreira Lopes, o “Dóia”, ocupava o cargo de presidente do DETRAN/MT, e detinha o poder de direcionar a atuação daquela autarquia na execução da função administrativa delegada pelo Poder Executivo Estadual, foi convocado para uma reunião no gabinete do deputado Mauro Luiz Savi. Na oportunidade estavam presentes na reunião os investigados Marcelo da Costa e Silva, Roque Anildo Reinheimer e o deputado Mauro Savi.

Na ocasião, Marcelo Silva e Roque Anildo ofereceram a Dóia a execução da atividade de registro junto ao DETRAN/MT dos contratos de financiamento de veículos com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou de penhor dizendo que apresentariam ao então presidente uma empresa para a execução dos serviços sendo essa empresa a EIG MERCADOS LTDA que antes atuava com a razão social Serviços de Registro Cadastro, Informatização e Certificação de Documentos ltda.

Na ocasião, a empresa se oferecia a formular contrato administrativo com o DETRAN/MT para prestar o serviço de registro de contratos junto à entidade de trânsito. Na oportunidade, um dos sócios da empresa, a fim de garantir a prestação de serviços ao DETRAN-MT, teria se comprometido a repassar o valor equivalente ao pagamento de um mês às campanhas eleitorais do deputado Mauro Savi e do então governador Silval Barbosa. Promessa, que após a efetivação do contrato com o Detran teria sido cumprida no valor de R$750 mil para cada um dos candidatos. Para que a empresa fosse a vencedora do edital na época, o antigo presidente do Detran determinou que a comissão de licitações do Detran-MT confeccionasse o edital de licitação nos mesmos moldes que a empresa FLD Fidúcia, hoje EIG MERCADOS LTDA, já havia vencido no Estado do Piauí. Desde então a empresa é responsável pelo pagamento de propinas a organização criminosa.

Consta nas investigações, que após a assinatura do contrato administrativo, os investigados Mauro Luiz Savi, Claudemir Pereira dos Santos, vulgo “grilo”, Teodoro Lopes e outros investigados se organizaram a fim de garantir a continuidade do contrato, formando uma rede de proteção em troca do recebimento de vantagens pecuniárias da parte da FDL, propina na ordem de 30% (trinta por cento) do valor recebido pela FDL do DETRAN/MT repassado por intermédio de empresas fantasmas que foram criadas em nome dos integrantes da rede de proteção do contrato. Esquema que teve continuidade com a mudança de Governo e a participação de Paulo César Zamar Taques e seu irmão Pedro Jorge Zamar Taques.

Os promotores explicam que no ano de 2015, quando houve a sucessão no Governo do Estado de Mato Grosso onde o então governador Silval da Cunha Barbosa deu lugar ao atual governador José Pedro Gonçalves Taques, ao ter informações do esquema de recebimento de propinas operado dentro do Detran -MT, os primos do atual governador Paulo Cesar Zamar Taques e Pedro Zamar Taques com ajuda de Valter José Kobori apropriaram-se do esquema de recebimentos.

Em depoimento colhido junto a um dos proprietários da empresa EIG Mercados Ltda foi revelado ao MPE que, após acertar os pagamentos com a antiga gestão Silval Barbosa, a empresa EIG Mercados contratou o acusado Valter José Kobori como Chief Executive Officer, desde então seria ele a pessoa responsável em receber pessoalmente a propina sob título de BÔNUS pelos serviços pessoais prestados a empresa e repassar o dinheiro para Paulo Cesar Zamar Taques. Segundo o depoimento as negociações foram feitas antes mesmo do resultado das eleições de 2014 onde Valter Kobori já havia combinado com Paulo Cesar Zamar Taques o auxílio para manutenção do esquema.

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